Críticas AdoroCinema
1,5
Ruim
Madagascar 3 - Os Procurados

Fórmula desgastada

por Francisco Russo

A grande dificuldade em fazer inúmeras sequências é trazer em cada filme elementos novos de forma que a série, como um todo, fuja do marasmo. Madagascar 2, lançado em 2008, já caía neste problema, ao repetir situações dos quatro amigos em aventuras no país-título. Em Madagascar 3 eles enfim conseguem sair do continente africano mas, apesar dos novos personagens e da mudança de cenário, o filme cai no que de pior existe para um longa-metragem: o tédio.

A história desta vez leva Alex, Marty, Melman, Gloria, pinguins e macacos rumo a Mônaco, primeira parada no longo percurso visando o retorno aos Estados Unidos. Um caminho feito aos saltos, através de um roteiro que privilegia a ação em detrimento de uma história, deixando várias situações mal explicadas e alguns buracos pelo caminho. Para escondê-los, nada como colocar muita correria em cena, de forma que o espectador não tenha tempo para reparar no quanto todo o exibido não faz muito sentido. Uma tática cada vez mais comum em Hollywood, usada também no recente Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras.

Em meio à saudade de casa que acompanha os personagens, o filme passeia por vários recantos europeus em uma fuga alucinada da agente de controle animal Chantal Dubois. Uma vilã típica da animação: obcecada em atingir seu objetivo, sem se importar com quem cruza pelo caminho, e dotada de poderes sobrehumanos que a permitem agir da forma que bem entender. Se por um lado isto possibilita que a personagem realize feitos incríveis, por outro sua falta de humanidade a infantiliza bastante. O mesmo acontece com os novos personagens vindos do circo, que seguem estereótipos para que possam ser facilmente identificados pelo público infantil. Para eles o filme até tem seus atrativos, graças às cores e aos vários objetos jogados em direção ao público, no caso da exibição em 3D. Aos adultos, restam apenas as breves citações a filmes, como Conduzindo Miss Daisy e O Que é Que Há, Gatinha?, marca registrada da série.

O único ponto de Madagascar 3 que chama a atenção é seu aspecto visual, especialmente quando o circo com o qual fogem é reformulado. Inspirado no Cirque du Soleil, é um verdadeiro espetáculo visual que, se por um lado chama a atenção pelas cores e movimentos, por outro ressalta mais uma vez a pouca importância dada ao roteiro. Algo surpreendente ao saber que seu autor é Noah Baumbach, exaltado pelo trabalho nos diálogos feito em filmes como A Lula e a Baleia e O Fantástico Sr. Raposo.

Madagascar 3 é um filme tedioso, que até avança em relação à história dos personagens principais mas seguindo um rumo que nada traz de novo à série como um todo. Repleto de piadas e situações repetitivas, o filme peca pela insistência em uma fórmula que já se mostrava desgastada no filme anterior. Para completar, alguns dos personagens mais queridos do público, como o rei Julian e os pinguins, perderam espaço para novos personagens que não possuem o mesmo carisma. Fraco.