Críticas AdoroCinema
3,5
Bom
Battleship - A Batalha dos Mares

Certeiro na diversão

por Roberto Cunha

Existem filmes que fazem pensar sem deixar a peteca cair, resultando em grandes obras, tem os do tipo "cabeçudo" somente para cérebros privilegiados (!?) e também aqueles escancaradamente "pipoca", cujo objetivo é o entretenimento. Battleship - A Batalha dos Mares está no último caso sem o menor pudor. Baseado no clássico jogo Batalha Naval, criado no início dos anos 30 (no século passado), ele chega aos cinemas graças a Harsbro que fez o mesmo com os bonecos Transformers e GI Joe, outros brinquedos de seu portfólio.

Afastado dos cinemas desde Hancock (2008), o cineasta Peter Berg retorna com mais essa ação repleta de humor e exageros. Isso pode até incomodar os mais exigentes, mas é certo que o público em geral não dará a mínima para navios de guerra que "derrapam" ou naves gigantescas que se movimentam na água sem provocar ondas suficientes para derrubar um bote. Afinal, os efeitos especiais são bem legais, tem muita destruição e transformações, dignas dos produtores da franquia Transformers, iniciada em 2007.

A história começa com o governo americano (sempre ele) enviando sinais para um planeta novo e distante. E a resposta chega na forma de naves espaciais que se instalam no mar durante a temporada de jogos navais, quando o almirante Shane (Liam Neeson) se vê de mãos atadas, tendo suas forças de combate inibidas pelo inimigo. Diante deste cenário, a missão de defender o planeta sobrou para o tenente Hopper (Taylor Kitsch), rebelde e futuro genro do chefão, cuja filha (Brooklyn Decker) foi devidamente "plantada" na posição exata para um final feliz.

Dito isso, já ficou claro para o leitor que para um jogo que virou filme, as licenças criativas são muitas e o roteiro (da dupla responsável pelo ótimo RED - Aposentados e Perigosos e o fraco Terror na Antártida) não poupou esforços para dar soluções rápidas aos problemas e manter o andamento bem frenético. Falando em ritmo, a trilha composta por Steve Jablonsky é coesa e ainda conta com "Thunderstruck" (AC/DC), "Interstate Love Song" (STP-Stone Temple Pilots) e o clássico "Tema da Pantera-Cor-de-Rosa", de Henry Mancini. Essa, infelizmente, foi usada num momento muito destoante. Aliás, da série coisas que poderiam ter ficado de fora, a utilização do encouraçado SS Missouri e dos combatentes da 2º Guerra Mundial, servem apenas para atender uma "cota nacionalista".

Estreando como atriz no cinema, Rihanna falou pouco (disse duas vezes "Bum!"), segue cantora e seu boné, que não cai de jeito nenhum durante a ação, impressiona. Entre as curiosidades, uma poderosa arma alienígena que mais parece um Beyblade (também da Hasbro) e uma ponta do diretor como marinheiro. Mas a melhor delas, porém, vai para a solução encontrada para remeter ao jogo original, aquele dos quadradinhos no papel, marcados com caneta ou lápis. Usando bóias de alerta de tsunamis para localizar os inimigos, as imagens na tela do radar dos militares lembram o "jogo". Assim, para os "veteranos" do Batalha Naval (o nome no Brasil é da concorrente Grow) não ouvir os personagens dizerem que o tiro errado foi "água" pode até fazer falta, mas para o restante da turma esse longa é um tiro certo como diversão.