Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
O Lado Bom da Vida

Nosso louco amor

por Roberto Cunha

Filmes baseados em livros costumam ter uma vantagem sobre os outros porque podem levar para as salas escuras um público que já conhece a história e se encantou por ela. Estão aí as inúmeras adaptações de páginas juvenis que arrecadaram milhões quando transformadas em audiovisual. O Lado Bom da Vida tem a mesma origem, mas seu texto não é focado neste público, não vendeu horrores mundo afora e é o primeiro livro do autor. Indo mais além, seus protagonistas sofrem de um certo, digamos, problema mental. Ou seja, tirando o seu nome, o otimismo passa meio longe, né? Mas é aí que está a graça ou não.

Na história criada por Matthew Quick, Pat perdeu a cabeça diante de uma surpresa e acabou perdendo também o trabalho, a casa e a esposa. Internado durante um tempo em um sanatório, ele sai de lá, volta a viver na casa dos pais, mas acredita piamente que poderá recomeçar, bastando - para isso - reconquistar a ex-esposa. Mas uma mulher igualmente problemática surge no pedaço e o futuro recém desenhado por ele já não tem o mesmo traço do primeiro rascunho.

Adaptado e dirigido por David O. Russell (O Vencedor), o roteiro é diferente do livro, é mais objetivo e funciona, mesmo que para alguns possa soar previsível. Para quem leu, porém, existe uma perda significativa pois "o cenário" aos olhos do protagonista é mais envolvente no livro. O fato de ser estrelado por dois atores talentosos e em crescimento (Bradley Cooper e Jennifer Lawrence) também ajuda, mas as atuações deles e de Robert De Niro são apenas boas. Nada que justifique tanta badalação, como o zumzumzum em torno da atriz, denotando uma "já comprada" ideia de fazer dela a queridinha do momento.

Na trilha sonora eclética sob os cuidados de Danny Elfman (eterno Oingo Boingo), um cardápio com clássicos de Dave Brubeck Quartet ("Unsquare Dance"), passando por Led Zeppelin, Bob Dylan e indo até sons mais atuais, como "Fell in Love with a Girl", do The White Stripes. Além de citações de Metallica e Megadeth como terapia para um casório chato, a curiosidade vai para a música-paranoia que causa efeitos colaterais em Pat. No filme é "My Cherie Amour" (Stevie Wonder), enquanto no livro é "Songbird" (Kenny G), que é mais emblemática no quesito "mexer com a cabeça da vítima".

Assim, misturando no caldeirão elementos distintos como futebol americano, apostas, literatura, manias e remédios para depressão, o roteiro apresenta duas figuras pra lá de diferentes que de igual possuem, talvez (e ainda), a vontade de viver. Adicione aí aquela pitadinha de humor nos diálogos (quase obrigatória) e o prato final pode ajudar você a realmente ver o lado bom da vida, como Pat, sempre confiante em uma nova chance. A sua pode ser neste fim de semana, na sua sessão de cinema. Boa sorte! ;)