LONGE DO IDEAL
por Roberto Cunha"Quem está a fim de uma aventura?" Realizada mais de uma vez durante o longa, a pergunta serve também para aquele espectador disposto a entrar na sala escura e sentar na poltrona sem a menor pretensão de cobrar nada, a não ser diversão leve e descompromissada.
O jovem Sean (Josh Hutcherson) recebe uma mensagem de rádio e desconfia que o autor seja seu avô (Michael Caine), desaparecido há dois anos, quando procurava uma misteriosa ilha. Adolescente e vivendo com a mãe (Kristin Davis), ele não curte muito o namorado dela (Dwayne Johnson), mas o cara é justamente quem irá ajudá-lo a decifrar os códigos do texto. Missão cumprida, os dois partem para um paraíso tropical e lá contratam os serviços do piloto de helicóptero Gabato (Luis Guzmán) e sua filha Kailani (Vanessa Hudgens), já sabendo que enfrentarão perigos pela frente.
A trama segue um padrão tipo jogo de tabuleiro (avança uma casa, pula outra, retorna etc), além de ter o fato tempo correndo contra os protagonistas. E na falta de um maior aprofundamento, sobram soluções providenciais, assim como a inserção de draminhas relativos a aceitação "do outro" ou algo mais "família" do tipo dinheiro nenhum é mais importante do que o amor entre pais e filhos.
Os efeitos especiais e o 3D estão longe de ser um primor, mas não comprometem o resultado final. Com visual bonito, as sequências de ação têm algo para encantar os pequeninos e mais jovens, porém os olhos mais exigentes e escolados poderão achar tudo um tanto quanto artificial. No elenco, Caine está bem como o vovô boa praça, enquanto Guzman é a "escada" em situações engraçadinhas para Johnson sobressair e o casal de jovens vai no automático comum neste tipo de produção.
Segundo filme de Brad Peyton (Como Cães e Gatos 2 - A Vingança de Kitty Galore), funciona a "brincadeira" de viajar pelo universo do escritor Julio Verne, flertando com outros autores, como Jonathan Swift ("As Viagens de Gulliver") e Robert Louis Stevenson ("A Ilha do Tesouro"). É o que faz você conhecer rapidamente a cidade perdida de Atlântida, ouvir sobre o lendário Capitão Nemo e encontrar o famoso submarino Nautilus.
Sequência de Viagem ao Centro da Terra (2008), Viagem 2 - A Ilha Misteriosa tem muitas licenças criativas (abelhas gigantes com piloto automático) e o roteiro (e história) dos primos Brian e Mark Gunn (As Apimentadas - Mandando Ver) traz para o público uma saraivada de imagens "importadas" de Guerra nas Estrelas, Indiana Jones e Jurassic Park. Esse é o maior do defeitos, pois a novidade quase não dá as caras.
Entre as curiosidades, o grandalhão The Rock canta uma versão bem humorada de "What a a wonderful world", de Louis Armstrong. Por outro lado, é com ele também a cena usando os músculos do peitoral para rebater frutinhas. Uma ideia pra lá de infeliz cujo dono deveria ir morar na tal ilha e não voltar nunca mais. Os mais atentos verão na citação de outro livro de Verne ("Da terra à lua") uma porta aberta para outra sequência. Mas aí fica a questão: Quem está a fim de uma outra aventura?