Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
A Fera

A Imagem da Beleza

por Francisco Russo

Adaptar histórias antigas para os dias atuais não é propriamente uma novidade, vide filmes já lançados com novas roupagens para contos de fadas e textos escritos por William Shakespeare. A Fera, versão moderninha do clássico A Bela e a Fera, tem como objetivo principal servir de escada para dois jovens atores: Alex Pettyfer e, especialmente, Vanessa Hudgens.

Saída do sucesso High School Musical, Hudgens tem em A Fera um filme bem ao seu feitio. Sua Lindy é bastante parecida com a Gabriella Montez que a alçou à fama: meiga, romântica e compreensiva. Só falta cantar. Se por um lado a personificação da pureza e da ética até se encaixa com o perfil de Bela, por outro revela a acomodação da atriz dentro deste perfil. Já Pettyfer ao menos apresenta algo diferente, também por seu personagem deixar de lado o visual de galã durante boa parte do filme. É na pele da Fera que ele convence em seu esforço de conquistar Lindy, não apenas para quebrar o encanto mas também por reconhecer sentimentos novos.

Casal à parte, o que há de mais interessante em A Fera é o retrato de um momento em que a aparência é mais valorizada do que o conteúdo. Não se trata de mera desculpa encampada para justificar a adaptação, mas algo que se vê a todo instante nos meios de comunicação. Em plena era dos reality shows, a frase “gente bonita é que se dá bem” soa convincente. Os aplausos logo após o absurdo discurso de Kyle (Pettyfer), personificando a arrogância da ditadura da estética, refletem o público em geral, que consome produtos do tipo. Tudo atualíssimo e encaixado com a história de A Bela e a Fera. O problema é a virada.

A responsável pela transformação de Kyle na fera do título é Kendra (Mary-Kate Olsen), uma bruxa – ??? – que estuda na escola. De visual moderninho e exagerado, com uma versão emo/dark de assustar – no mau sentido –, ela se vinga aplicando nele um encanto. Seu rosto é desfigurado, mostrando a todos como ele é por dentro. Caso não conquiste o amor de alguém no prazo de um ano, este visual será para sempre. O toque mágico faz com que a história, aos poucos, dê mais ênfase ao lado romântico.

Com algumas situações frágeis ao tentar repetir a história que o inspirou, A Fera é um filme simplório que tenta se basear no carisma de seus protagonistas para esconder inconsistências de roteiro. Destaque para a boa presença de Neil Patrick Harris, divertido como o cego Will. Feito para agradar aqueles que buscam uma dose de romantismo barato, no melhor estilo dos filmes da série Crepúsculo.