Sem retorno
por Roberto CunhaVocê acha que o segredo para o sucesso no cinema é juntar um monte de nomes conhecidos? Se acredita nesta fórmula, aposte neste longa. Porém, se procura uma história criativa, Idas e Vindas do Amor é um programa de ida, mas sem garantia de volta em termos de conteúdo. E a culpa não é do tema e sim do exagero na construção dos personagens. O filme, por sinal, exagerou também na fórmula com 4 jotas + 2 Taylors (namorados na vida real) + 2 ex "That 70s Show" + 2 atores veteranos + 2 em ascensão + uma simpática "cantriz" e ainda pitadas de rostos conhecidos em seu elenco.
Ao começar com um sonoro Sim para um pedido de casamento e um velado Não para uma matéria sobre o Dia dos Namorados (seu título original) Idas e Vindas do Amor é um verdadeiro coquetel de famosos acompanhado de um roteiro leve (pouca criatividade) que não vai deixar você embriagado de humor, mas dará algumas doses necessárias para se manter acordado diante das piadinhas e sacadinhas do seu texto. Entre elas, o destino do cartão com Michael Bolton e sua indefectível música "When a Man Loves a Woman" é uma pérola. O mesmo vale para o personagem de Julia Roberts citando a Rodeo Drive de Uma Linda Mulher e o de Shirley MacLaine homenageando a si própria ao contracenar com uma antiga cena sua, ao fundo. O destaque negativo vai para a escolha de Jessica Biel (outro dos quatro Jotas do elenco) como uma solteirona abandonada pelos homens. Absurdo ou inovação?
Para não dizer que o roteiro é totalmente fraco, foi legal ver uma leve inversão de papéis, colocando o homem mais em evidência no lado frágil da relação a dois. Contudo, como uma colcha de retalhos do amor, a trama contada por vários personagens apaixonados ou "ensolteirados" parece um genérico de Ele Não Está Tão a Fim de Você. Você assiste Idas e Vindas do Amor e dá uma risada aqui, abre um sorriso ali. Não é um filme ruim, mas bateu na trave, principalmente, ao apresentar um previsível final feliz. E falando nisso, não saia antes dos créditos finais.