Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
Sex and the City 2

DE NOVO, NOVAMENTE

por Roberto Cunha

O que Você espera ao entrar na sala escura para assistir Sex and the City 2? Uma trama mirabolante que vai mexer com seus neurônios a ponto de fundir sua cuca? Nada disso, é claro. Então seja bem vindo ao mundinho das moças (?) que conquistaram o mundo através do seriado televisivo e, mais recentemente, do cinema. Embora muitas brasileiras possam adorar os modelitos exibidos (não sei se usariam aqui), o que se vê é aquele festival de roupas e acessórios se repetindo com maestria. O merchandising é tanto que chega a ser ofensivo, sobrando nomes como Dior, Valentino, Louis Vitton, Bulgari, Rolex, os carros Mercedes e Maybach, IPhone etc. Agora, não pense que o filme é ruim porque não é. Dentro da proposta de entreter os fãs (os não fãs também), ele pode até ser longo (pretinho básico), mas consegue segurar a peteca melhor até que o primeiro, mais arrastado.

Com uma abertura onde tudo brilha, desde as marcas dos estúdios até os nomes do elenco, a história começa com a narração básica de Carrie (Sarah Jessica Parker), revelando como tudo começou entre elas. É rápido, mas diverte. Tendo como ponto de partida um casamento gay, a traição é o assunto principal da trama, mas ele é abafado pelo humor das cenas seguintes que tem até Liza Minelli como ela mesma, cantando e dançando "Single Ladies", o mega sucesso de Beyoncé Knowles. Mas o tema retorna acompanhado dos questionamentos habituais dos relacionamentos como a rotina do casamento, a "presença" da televisão, a tarefa de ser mãe, o trabalhar demais e os problemas hormonais. O roteiro está longe de ser um primor, mas conseguiu costurar bem estes assuntos entre as quatro personagens e os respectivos coadjuvantes.

Desta vez, como pano de fundo, Carrie, Charlotte York (Kristin Davis), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) e Samantha Jones (Kim Cattrall) encaram uma viagem para Abu Dhabi, onde irão conhecer o luxo dos sheiks em contraponto com as regras conservadoras, um prato cheio para cenas previsíveis, mas bem tocadas pelo diretor e roteirista Michael Patrick King, o mesmo do original. E é Samantha/Cattrall, claro, quem protagoniza, de novo, as cenas mais picantes e escancaradas, assim como os diálogos cheios de duplos e triplos sentidos. O humor é raso, mas está dentro do prazo de validade. Entre as curiosidades, uma super propaganda da atriz Suzanne Somers, autora de livro, entre outras atividades, e também para a cantora Paula Abdul que "ganha um personagem" engraçado. Ah! Tem também uma bandeira do Brasil fazendo ponta com a inscrição "I Love São Paulo" (perto do final quando Charlotte compra camisetas). As estrelas Miley Cyrus e Penélope Cruz também fazem pontas. A trilha sonora é coerente com o que se vê na tela e resgata, de 1986, "True Colors" na voz de Cindy Lauper.

Sex and the City 2 brinca com o cinema ao inserir na trama, novamente, o galã fajuto lançado por Samantha. Porém, mais do que isso, usa um clássico P&B (Aconteceu Naquela Noite) como referência para ilustrar o conflito psicológico de Carrie que pensava viver em preto e branco, mas descobre as cores da vida. E assim, um filme que fala sobre o compromisso é uma boa diversão descompromissada.