Escracho absoluto!
por Francisco Russo"Como pode alguém fazer um filme com um título destes?" Esta foi a pergunta que me fizeram ao comentar sobre Matadores de Vampiras Lésbicas. É a pura verdade. O título é tão surreal, tão inesperado que, por si só, dá vontade de assisti-lo. Nem que seja apenas para ver o que vem pela frente. E, convenhamos, não se pode esperar algo minimamente sério. Trata-se de um filme assumidamente trash, que tem por objetivo expôr todos os clichês do gênero terror para satirizá-los. Com muita competência, por sinal.
A abertura já dá o tom da história, apresentando os personagens como os filmes antigos de terror. Imagem com o ator, nome do personagem, dois sendo apresentados por vez. O prólogo dá a desculpa necessária sobre o inusitado da ameaça. Trata-se de uma maldição - sempre há uma -, que faz com que toda mulher de um pequeno vilarejo torne-se vampira lésbica ao completar 18 anos. O motivo? Uma disputa entre a rainha vampira Carmilla e o cavaleiro McLaren. Para completar, há uma profecia: Carmilla retornará com a junção do sangue do último descendente de McLaren ao de uma virgem. Ah, bom.
Pano rápido para os dias atuais. Jimmy acaba de levar mais um fora de sua namorada, por quem é apaixonado. Incentivado por seu fiel amigo Fletch, decide viajar para o campo. Respirar ar puro, conhecer novos ares, relaxar. Onde vão parar? No pequeno vilarejo da profecia, é claro. Quem lá vão encontrar? Um grupo de garotas, todas lindas e insinuantes, que vão para... a pousada de Carmilla.
Puxe pela memória, caro leitor: quantos filmes de terror você já assistiu onde estão belas mulheres, muitas vezes com cenas de nudez, que nada mais são do que vítimas em potencial do que está por vir?
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Matadores de Vampiras Lésbicas é assim até o fim: um clichê atrás do outro, incessantemente, mesclado com uma dose caprichada de sarcasmo e piadas. A dupla Jimmy e Fletch lembra outra parceria de um terrir de sucesso: Todo Mundo Quase Morto. O protagonista é um perdedor que precisa se superar diante das adversidades, seu amigo como aquele cara rejeitado com quem se pode contar, nem que seja mais por obrigação do que por vontade própria. Uma combinação que funciona muito bem também graças a James Corden, intérprete de Fletch, que encontrou o tom certo para o personagem.
Ao longo do filme há diversos momentos hilários, como a chegada dos amigos ao bar do vilarejo e a fuga de Fletch e do vigário pela floresta, perseguidos por uma trupe de vampiras. Fletch é autor de pérolas como "até mulheres mortas preferem dormir entre elas do que dormir comigo". O desfecho, como não poderia deixar de ser, é previsível. O que não é demérito algum, apenas a confirmação da proposta de esculhambar com o gênero. A última cena é marcante, digna da gargalhada final. Vá e divirta-se! É o que Matadores de Vampiras Lésbicas tem a oferecer - e apenas isto.