Divertida Releitura
por Francisco RussoUma frase bastante conhecida em relação à televisão é "nada se cria, tudo se copia", dita por Chacrinha. No cinema não é muito diferente. É raro encontrar algo realmente original, ainda mais com a pluralidade de assuntos e gêneros já abordados na história da sétima arte. O mais comum é encontrar recriações ou novos formatos para velhos estilos, de forma a requentar algo já existente para apresentá-lo sob nova roupagem. É o que acontece com A Lenda dos Guardiões, estreia do diretor Zack Snyder (300 e Watchmen) no ramo da animação.
De todo modo, é importante ressaltar que nem sempre esta releitura é negativa. A Lenda dos Guardiões utiliza elementos clássicos da aventura, como o conflito familiar e a divisão entre espécimes, para desenvolver um universo próprio, cativante para o espectador. Tudo temperado com frases batidas e leves, no melhor estilo "só porque você não viu não quer dizer que não exista" ou "somos o que sonhamos", que ressaltam a necessidade de acreditar em algo para atingir um objetivo. Os bons conseguem, os maus procuram um meio mais direto e vantajoso para si. Simples assim.
É a partir desta premissa básica que os livros de Kathryn Lasky ganham vida na telona. E o ganhar vida, neste caso em especial, significa um apuro técnico que gera imagens visualmente deslumbrantes. O estilo de Snyder também ajuda neste sentido, com seu cacoete em realizar cenas em câmera lenta em momentos onde a ação se passaria de forma frenética. Aliado a uma animação onde é possível perceber em detalhes o vento balançando as penas das corujas ao voarem, o resultado é realmente belo. Ainda mais no formato 3D, que neste filme faz diferença.
A Lenda dos Guardiões é um filme divertido, que se destaca pela boa construção do universo em torno dos personagens principais, Soren e Kludd. Tanto os Puros quanto os Guardiões têm características e histórias próprias, apresentadas aos poucos e sempre de forma interessante, mesclando cenas de ação com outras cômicas. Bom filme, que merece sequência.