Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Um Sonho Possível

IMPOSSÍVEL DE ACREDITAR

por Roberto Cunha

Baseado numa história real, Um Sonho Possível chega nos cinemas brasileiros depois de render um Oscar para Sandra Bullock e o mérito de mostrar que ainda existe gente boa no mundo. Se foi romanceado ou não, o que se percebe claramente é que o sucesso inconteste nos Estados Unidos tem, pelo menos, uma razão óbvia: a paixão pelo futebol americano. Contudo, ao juntar um personagem real do esporte idolatrado ao componente da pobreza, dos filhos abandonados, a fórmula se potencializou e deve ter contagiado até os membros da Academia, uma vez que o papel não dá para tanto. É honesto.

Na história, Big Mike (Aaron Quinton) era filho de uma mãe viciada em drogas e não tinha onde dormir. Embora tivesse jeito para os esportes, faltava nele algo mais do que o dinheiro. Faltava amor e ódio. Por mais confuso que possa parecer, o menino que aprendeu a fechar os olhos para esconder as coisas ruins (ou se esconder delas), tornou-se um poço de ternura, não deixando que a amargura tomasse conta de sua vida. Assim, ele apenas sobrevivia e só passou a "existir" quando encontrou o amor de verdade numa família de brancos livres de preconceitos. Com uma trilha sonora legal e diálogos curtos com doses de emoção o longa escorrega em vários momentos por parecer artificial demais. E, certamente, os mais atentos vão ter esta impressão, por exemplo, ao ver o pequeno SJ (Jay Head) treinando Big Mike, o personagem de Bullock encarando os viciados ou a reação dela após um acidente. É muita compreensão. E o roteiro tem várias partes assim.

Incomoda um pouco ver as cenas da "nova mãe" bancando a durona com os treinadores e tudo o mais. Parece mentira, mas não é. É bonito saber que foi verdade, mas duro de acreditar. Seria este paradoxo outra razão para tanto sucesso? Entre as curiosidades, a presença de treinadores verdadeiros participando do filme em momento de humor, a citação do clássico Conduzindo Miss Daisy em forma de deboche e as fotos dos personagens reais nos créditos finais. O filme emociona, mas não é lacrimejante. Um Sonho Possível revela uma bondade assustadora de tão bonita. Abrindo seus corações e derrubando preconceitos, os Tuohy brindaram Lavoisier quando acreditaram que Michael Oher não era um caso perdido e o transformaram. E se transformaram. Para sempre.