JÁ CHEGA DE PARTIDA
por Roberto CunhaRenée Zelwegger conquistou seu lugar no cinema mundial ao protagonizar o filme O Diário de Bridget Jones e sua sequência. Mas a loirinha, que já não é tão jovem, nessa nova produção Recém Chegada (com trocadilho) chega mal. E revela uma comédia fraquinha típica das inúmeras sessões que se assiste nas tardes da TV. Lucy Hill (Zellweger) é uma solteirona workaholic que só tem olhos para o sucesso e o alto cargo que pretende ocupar um dia. Na história, ela é uma executiva de Miami que vai parar numa pequena, gelada - e machista - cidade de Minnesota para melhorar a performance financeira de uma fábrica do grupo em que trabalha. E logo de cara enfrenta as diferenças gritantes entre os hábitos urbanos e os do interior, como a indiscrição de sua nova secretária, uma caipira convicta interpretada por Siobhan Fallon (Dogville).
Deixando de lado os termos técnicos como mecanização, reengenharia e downsizing, o que o filme quer é oferecer ao espectador um momento - mesmo que breve - de reflexão sobre os tempos modernos e os valores da sociedade atual, sem esquecer de destacar o papel da mulher no mercado de trabalho. E é óbvio ululante que não será fácil para ela cortar cabeças, eliminando o sustento dessas pessoas. A verdade é que o roteiro carece de criatividade para explorar os clichês, ficando piegas demais. Tudo é tão previsível quanto jogar algo para o alto e saber que vai cair. Com uma trilha sonora boa, mesclando ritmos mais interioranos (o folk) com músicas pop conhecidas, a trama oferece para aquele espectador menos exigente momentos de diversão amena como a cena dela bêbada (usada no trailer) ou a hora em que ela fica presa dentro da roupa de caça.
Mas não se anime porque é muito pouco. De resto, significa que você vai ver cenas típicas de briguinhas entre os protagonistas que acabam se apaixonando, discurso emocionante com direito a aplausos, lágrimas nos olhos com música no clima e, ainda, um momento pastelão com as pessoas se sujando numa guerra de alimentos na tal fábrica. Mas o pior mesmo é uma solução rápida e fácil para um grande problema. E aí só assistindo para entender. E você ainda tem dúvida se teria final feliz? Essa é fácil de responder. Mas não é difícil imaginar Recém Chegada chegando mal nas bilheterias. É simpático, mas deve partir rapidamente das salas de cinema para as de casa. Se tiver outra opção na hora da escolha, pense bem no que leu acima.