Comercial em Tela Grande
por Francisco RussoO cinema é um dos veículos mais eficazes de divulgação, não apenas de locais, mas também de modos de pensar e de agir, tanto que Hollywood sempre explorou isto, exportando o american way of life para todo o planeta. Uma Noite no Museu 2 segue esta linha, focalizando o Smithsonian, em Washington, o maior complexo de museus existente. Mais do que apresentar uma boa história, a intenção do filme é divulgar o conteúdo do museu, e o objetivo, claro, é aproveitar o sucesso quase garantido nas bilheterias para atrair mais turistas, fato que também aconteceu para popularizar ainda mais o brinquedo Piratas do Caribe, da Disney, no lançamento do megasucesso de mesmo nome.
O início é tradicional, relembrando o espectador dos principais personagens do primeiro filme e ambientando-o na nova trama. Dois anos se passaram, Larry Daley (Ben Stiller, burocrático) não é mais o guarda noturno do Museu de História Natural de Nova York, mas ainda visita os amigos de vez em quando. Porém, o culto à modernidade atinge também o museu, e os velhos bonecos de cera serão substituídos por modernos aparelhos que permitem a interação com seus visitantes. Trata-se do "museu 2.0", como diz o gerente, que também afirma que o público atual não se satisfaz mais com atrações que não produzem alguma interatividade com ele, pela própria dinamicidade e velocidade do mundo moderno. Resultado: alguns dos amigos de Larry serão enviados para o Smithsonian, onde serão guardados em seus gigantescos galpões. Como a história não pode terminar tão cedo, é criada uma justificativa para que os bonecos voltem à vida no Smithsonian, juntamente com os demais presentes no complexo, é claro.
A partir de então, a história torna-se irrelevante diante do esforço em apresentar boa parte do acervo do próprio Smithsonian, como a grandiosidade do local que é muito ressaltada, com passeios pelas suas diversas áreas, entre outros exemplos disso. Quem conhece um pouco de arte poderá reconhecer várias pinturas e esculturas renomadas, às vezes incluídas em piadas tolas, por exemplo,as que envolvem as estátuas de O Pensador, de Rodin, e da Vênus, de Milo. Há porém boas citações, mas essas são mais voltadas ao público adulto, envolvendo Albert Einstein e famosos personagens do cinema e da TV. O trecho passado dentro do quadro é outro bom momento.
Ao longo desta aventura pelo Smithsonian, Larry tem a companhia de Amelia Earhart (Amy Adams, bela), uma personagem que existe mais para compôr o inevitável par romântico, apesar de trazer lembranças importantes sobre a questão da discriminação feminina. Suas súbitas entradas e saídas na trama são mais uma mostra do quão frágil é sua presença em cena, e descartável em diversos momentos.
Uma Noite no Museu 2 segue a linha do primeiro filme, mesclando personagens históricos com muita ação e piadas, tanto que os ícones americanos são apresentados como personagens simpáticos e prestativos, como os ex-presidentes Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln, enquanto que os vilões geralmente são estrangeiros - com exceção feita apenas a Al Capone. Apesar da enorme quantidade de citações históricas, não há intenção de se aprofundar em alguma delas, o objetivo é usá-las para provocar um suposto riso, explorando efeitos especiais e um humor muitas vezes bobo e ingênuo. Recomendável apenas aos que gostaram do primeiro.