CARTÃO VERMELHO PARA OS ESTADOS UNIDOS
por Roberto CunhaInspirado no livro "A Vida Imperial na Cidade Esmeralda" que escancarou para o mundo a porta do oásis yankee (a zona verde do título) em plena Guerra do Iraque, o filme pode ser percebido por muitos como uma breve aula de história atual e clara denúncia do desatino americano na invasão daquele país. E esta percepção só aumenta quando se leva em consideração a origem do diretor Paul Greengrass como documentarista.
Estrelado por Matt Damon, Zona Verde tem muito dos filmes Bourne que a dupla realizou juntos, mas também elementos da realidade que o longa aborda. Assim, os já tradicionais momentos da câmera "nervosa", imagem granulada e sons dos cartuchos caindo no chão só aumentam a sensação de veracidade e geram envolvimento com o espectador. Na história, Miller (Damon) lidera uma equipe de buscas de armas de destruição em massa em plena Bagdá e se descobre num conflito interno ainda maior entre seus compatriotas. Pior do que isso, constata que uma mentira (“seu governo ouviu o que queria”) pode se transformar numa arma poderosa igualmente capaz de matar milhares de pessoas.
Diante deste clima de conspiração e um intenso jogo de gato e rato, a trilha sonora do parceiro John Powell é o tempero adicional para você submergir de vez num caldeirão de tensão total. Com excelentes atuações de todo o elenco (de conhecidos e desconhecidos), Zona Verde causa impacto em vários aspectos, tem sequências de tirar o fôlego e deve agradar todos aqueles que gostam de filmes do gênero. Funciona também como um sinal amarelo para quem pretende fazer cinema de verdade e um cartão vermelho para a política americana de ocupação.