Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
Corrida Mortal

CARNIFICINA MOTORA

por Roberto Cunha

Os atores Jason Statham (Adrenalina) e o rapper Tyrese Gibson (+ Velozes + Furiosos) já viraram arroz de festa em filmes de ação. Mesmo assim, Statham com seu jeito meio canastrão de interpretar conquistou seu espaço e faz sucesso. Já Tyrese ainda não encontrou a rima certa. Corrida Mortal é o remake de um clássico de Roger Corman, cineasta dos mais prolíficos da história do cinema (quase 400 filmes!) e o precursor dos filmes B, de baixo orçamento. O original Corrida da Morte - Ano 2000 (1975) contava com ninguém menos do que Sylvester Stalonne e David Carradine. Para você ver como o tempo passa.

A história foi devidamente atualizada, revelando um ex-piloto que foi acusado por um brutal assassinato e vai parar num presídio de segurança máxima. O lugar, claro, é cheio de regras próprias e uma delas diz respeito à existência de uma corrida sanguinária onde o prêmio pode ser a conquista da liberdade. O problema é enfrentar não só as confusões de praxe (porradas) dentro da prisão como também a "xerife" local (Joan Allen, de O Ultimato Bourne), que é dura na queda.

As seqüências de ação são espetaculares - algumas puro videogame - e a carnificina é considerável. Os produtores fizeram um tremendo milk shake de influências e tem de tudo um pouco: Rollerball - Os Gladiadores do Futuro, a trilogia Mad Max , Dias de Trovão e, pasme, uma citação de Um Cão Andaluz, de Buñuel. O visual da produção lembra programas de luta da tv por assinatura. E, como a história se passa numa prisão, o merchandising mais comum foi escasso, mas sabiamente a produção conseguiu um capital com a Mopar, que faz motores envenenados.

O roteiro usa e abusa das relações com a internet para mostrar que o ser humano, desde os tempos dos gladiadores, sempre gostou do binômio sexo/violência, não necessariamente nesta ordem. Em função disso, trataram de encaixar uma "morena sensual da vez" para aparecer. Seu nome é Natalie Martinez e sua experiência não ultrapassou os limites da "pequenas" séries de televisão. A curiosidade fica por conta do personagem gay de Tyrese. Corrida Mortal não quer ser obra-prima e por isso se sai bem na largada e pontua na linha de chegada.