A Estrada: Crítica AdoroCinema

A crítica que você vai ler em seguida é de alguém que não leu o livro homônimo premiado com o Pulitzer em 2007, de Cormac McCarthy, mas assistiu A Estrada baseado na obra e, portanto, o comentário é sobre ele. Quem gosta de filmes com visual apocalíptico não vai se decepcionar com este exemplar que tem algumas cenas bem legais e uma boa fotografia. Por outro lado, quem procura ação não vai achar e se pensa em encontrar um conteúdo mais reflexivo, a decepção pode ser grande. E a razão pode estar na transposição das páginas de "A Estrada" para a película ter derrapado em algum lugar.

Na história, o mundo foi devastado, o verde deu lugar ao cinza e a fome transformou os homens em bestas. Embora este simples resumo possa parecer atraente para muita gente, a confusão toda reside exatamente na indefinição do roteiro que envereda pelo drama e depois desvia para o suspense sem dar "sinal" neste baita "cruzamento" de gêneros. A trama segue um homem (Viggo Mortensen) lutando com suas (últimas) forças para se manter vivo e, principalmente, seu filho, razão de sua existência. Através de flashbacks, sabemos que os dois foram abandonados pelo personagem de Charlize Theron (em ponta), mas não fica claro o motivo desta atitude e nem a causa da destruição do planeta. Dá até para lembrar da antológica frase "só sei que foi assim" do personagem de Ariano Suassuna.

Com diálogos curtos e frases de pouco efeito moral ("quando sonha coisas ruins é porque está vivo e lutando") ou conotação ecológica ("o mar era azul"), o resultado é decepcionante. O filme tem ritmo lento e as poucas cenas de ação são fracas. A incoerência de algumas sequências com o discurso do protagonista dificultam o envolvimento do espectador e a curiosidade vai para a presença de Robert Duvall e Guy Pearce, irreconhecíveis. Assim, que me perdoem os fãs do autor do (merecido) sucesso "Onde os fracos não têm vez", mas o roteiro de A Estrada se perdeu em alguma bifurcação. Felicidades para quem encontrar e gostar. Eu passei direto.