MAIS DO QUE UMA BOA IDEIA
por Roberto CunhaVocê já ouviu falar da Ilion Animation? Provavelmente não. Mas da Pixar, DreamWorks ou Disney certamente sim. Pois saiba que se o planeta Terra permitir, esta nova aventura tem tudo para tornar este nome mais conhecido. E o motivo é bem simples: a animação tem muita cor, ritmo e diversão, ingredientes indispensáveis para o sucesso de qualquer filme de bom gosto no gênero. Planeta 51 não nega suas origens e sapeca referências cinematográficas, ou não, a todo instante. Desde um cachorro visivelmente inspirado no alienígena de H. R. Giger, que fez história em Alien, o 8º Passageiro, até um robozinho (Roover) pra lá de simpático que poderia ser o primo pobre (nem tanto) de Wall-E. E se você se precipitou e achou esta frase uma heresia, assista e comprove.
A opção clara por permear toda a aventura com ícones torna a aventura do alienígena Lem (Justin Long) e o astronauta Charles "Chucky" Baker (Dwayne Johnson) numa grande homenagem. Como a maioria das animações de sucesso, Planeta 51 tem seus personagens principais minuciosamente estudados, mas abre espaço para vários coadjuvantes brilharem, fazendo "escada" ou não para os protagonistas. É o caso do auxílio luxuoso de Skiff (Seann William Scott) e a sonda Roover. Sem contar os hilários soldados e o General Grawl (Gary Oldman). O humor rola solto e não deixa de lado as críticas ao comportamento da sociedade de uma maneira geral. O filme "brinca" com os primeiros passos do homem na Lua, com a nossa fixação de que existem seres em outros planetas, 'sacaneia' a bandeira americana ao passar o contador de radioatividade nela, cita 2001 - Uma Odisséia no Espaço, Guerra nas Estrelas, Os Simpsons e por aí vai.
Não esquente a cabeça se o astronauta tem algo de Buzz Lightyear. Esfrie a cuca com um roteiro que abriu espaço até para curtir com as nossas redes de televisão que entopem a programação com anúncios de pastas de dente e escovas. No Planeta 51 também acontece isto e em pleno noticiário. É um sarro só. Entre as muitas sacadas, um Ipod que toca a música "Macarena" ser visto como arma terrível é um achado e tanto. E as ações de merchandising, embora escancaradas como a logomarca da VolksWagen na frente da Kombi Alien, também conseguem ser muito engraçadas como acontece com o código de barras do chocolate Twix, devidamente transformado em termo de rendição pelo tresloucado Professor Kipple (John Cleese). A única piada que carrega na tinta é a história da "rolha para proteger da sonda" dos Humaníacos.
A brincadeira está até nome. Porque se os humanos (americanos) tem a Área 51, famigerado local onde são se esconde tudo que é ligado aos contatos alienígenas, lá existe a Base 9 (também negam sua existência) onde inventos humanos apreendidos como satélites ficam guardados dentro de casulos, outra clara referência à antológica cena do clássico de Ridley Scott já citado acima. Assim, mesmo não sendo uma referência a famosa "caninha" brasileira, Planeta 51 é mais do que uma boa ideia, é diversão no sentido pleno da palavra. Então deixe de lado qualquer tipo de preconceito, garanta seu bilhete e embarque nesta viagem para um lugar cuja semelhança com Saturno não parece ser mera coincidência. O seu bom humor agradece.