Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
De Amor e Trevas

Primeiros passos

por Lucas Salgado

Uma das grandes atrizes de sua geração, Natalie Portman diminuiu significativamente seu ritmo nos últimos tempos, principalmente após conquistar o Oscar por Cisne Negro e ter seu primeiro filho. Entre um Thor e outro, ela, que tem feito apenas um filme por ano, decidiu investir na carreira de diretora.

Portman, que já havia comandado um curta em 2008, que foi segmento de Nova York, Eu Te Amo, agora estreia no comando de longas-metragens com De Amor e Trevas.

Passado em Jerusalém, em 1945, o drama gira em torno de um jovem garoto de 12 anos de idade que vive ao lado de carinhosos pais em um período de afirmação do estado de Israel. Muito interessado por literatura, ele sofre um abalo em seu dia a dia com a depressão da mãe (Portman), que sofre com a perda de uma amiga próxima.

Natural de Israel e de origem judaica, Natalie Portman demonstra um grande interesse e curiosidade nas histórias envolvendo seu povo e religião. O curta de NY, I Love You já tratava do tema. E agora ela vai além, explorando um período importante na história e tratando inclusive de temas como a ligação do judeu com as palavras.

Se o filme aparenta possuir uma natureza psicanalítica em relação a sua diretora, o mesmo não acontece com relação ao espectador. É de se esperar que Portman tenha aproveitado a experiência, mas o público recebe uma produção irregular e sem muito a dizer.

Baseado em obra de Amos Oz, escritor e defensor de uma solução amigável para o conflito Israel-Palestina, o longa tem bons momentos e personagens interessantes, mas em nenhum momento consegue transmitir a poesia e a emoção que desejava. A obra tenta passar uma mensagem de poesia, mas não é bem sucedido em sua missão. É frio e didático.

Portman, em seus próximos tamanhos por trás das câmeras, precisará entender que cinema não se resume apenas a uma boa história. É preciso saber como contá-la. E ela ainda não sabe como fazer isso.