Sobre pais e filhos
por Lucas SalgadoAs Aventuras de Peabody & Sherman é um filme que já te ganha na premissa: "Se um menino pode adotar um cachorro, um cachorro também pode adotar um menino".
Saído da série animada da década de 60 As Aventuras de Alceu e Dentinho, Peabody é um dos seres mais inteligentes do mundo. Vencedor do prêmio Nobel e de medalhas olímpicas. Mas tem um detalhe: é um cachorro. Determinado dia, encontra um bebê abandonado na rua e conquista na justiça o direito de adotá-lo.
Além de original, a trama é bem simpática, fugindo dos padrões ao oferecer um cão não muito acolhedor, mas completamente dedicado ao filho. Cientista, ele inventa uma máquina do tempo e viaja pelo mundo com o filho Sherman, sempre passando lições históricas e científicas. Quando o garoto se envolve em uma confusão na escola, Peabody é obrigado a receber em sua casa uma garotinha que não é muito fã de seu filho e que acaba usando a máquina do tempo.
Colocado ao lado de produções como Os Croods e Como Treinar o seu Dragão, o novo longa comprova uma fase mais esforçada dos estúdios de animação da Dreamworks, oferecendo uma história bonita e criativa, e não investindo em mais uma sequência para Kung Fu Panda, Madagascar ou Shrek. Neste sentido, também se destaca pelo humor, buscando citações históricas e não um apanhado de referências de outros filmes. Leonardo da Vinci, William Shakespeare, Alexander Graham Bell, Maria Antonieta e Mahatma Gandhi são algumas das inúmeras figuras históricas a aparecerem no longa.
Dirigido por Rob Minkoff, de O Rei Leão e O Pequeno Stuart Little, Mr. Peabody & Sherman (no original) conta com um bom elenco de dubladores. Ty Burrell faz um incrível Sr. Peabody, enquanto que Max Charles e Ariel Winter se saem bem como Sherman e Penny, a tal garotinha citada acima. Curiosamente, Burrell e Winter trabalham juntos na série Modern Family. Stephen Colbert, Allison Janney, Leslie Mann, Stanley Tucci e o lendário Mel Brooks completam o elenco de vozes. A versão brasileira conta com dublagem de Alexandre Borges.
Escrito por Jason Clark, Craig Wright e Minkoff, o roteiro peca um pouco pela falta de emoção. É claro que a frieza científica de Peabody é parte fundamental do personagem, mas mesmo os momentos de redenção acontecem sem um grande clímax.
A animação é extremamente bem feita e os efeitos visuais tem tudo para agradar o público infantil, uma vez que cores não faltam na produção. Os adultos também poderão apreciar o filme diante das referências históricas e pelo humor irônico da situação vivida pelos protagonistas.