Críticas AdoroCinema
3,0
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A Mente que Mente

UM FILME DIFERENTE

por Roberto Cunha

Quem for assistir este filme porque viu Tom Hanks nos créditos, vai quebrar a cara. A Mente que Mente é levado nas costas por John Malkovich, em plena forma dramática, num papel pra lá de curioso. Na história, Troy (Colin Hanks) é um jovem estudante obrigado pelo pai (uma ponta do pai Hanks) a fazer faculdade de Direito. Mas ele decidiu por linhas tortas mudar sua vida porque, entre suas dúvidas, a única certeza que tinha era a de querer ser feliz e, de preferência, trabalhando com alguma coisa ligada ao mundo das celebridades.

Desta forma, acabou indo trabalhar com O Grande Buck Howard (Malkovich), um mentalista que parou no tempo, metódico e em divina, mas irreconhecível (por ele mesmo), decadência. E assim, alguém que buscava a fama encontrou o outro que não aceitava perdê-la. Um cara cego para um mundo onde estar em evidência tornou-se cada vez mais efêmero. A Mente que Mente, em síntese, transita por este mundinho cão da fama, preconizado por Andy Warhol, ao expor alguém que luta para ainda "existir". E Howard, se não é grande nos truques, é enorme no seu jeitão de estrela irascível e que, veja você, não assimilou certas modernidades como, por exemplo, ignorar veículos da internet ao confundir com um simples jornal.

No elenco, Emily Blunt está bem no papel de uma assessora de imprensa meio doidinha, "liberando" o estrelismo existente das celebridades. E Steve Zahn cumpre a missão ao dar vida para um caipirão do interior, pequeno fã declarado do “grande astro” que sobrevivia de suas incursões nas cidades menores onde proferia seu indefectível: “Eu amo esta cidade!”. Com uma boa trilha sonora, o longa do desconhecido Sean McGinly abriu espaço para personalidades reais que já experimentaram a fama por pouco ou muito tempo. E sobram citações e/ou aparições de gente como Leonard Nimoy, Gary Oldman, Tom Arnold, Shirley MacLaine, Johnny Carson, Jay Leno e David Letterman, entre outros.

O destaque nesta salada de estrelas de várias intensidades vai para a participação de George “Sr. Sulu” Takei (Jornada nas Estrelas), cantando "What the World Needs Now is Love", música de Burt Bacharach. E a lembrança de incluir Michael Winslow, aquela figuraça que fazia sons com a boca nos filmes de Loucademia de Polícia. Assim, a única coisa que falta no filme é ritmo. Mas ele é intrigante porque diverte sem ser divertido, faz rir sem se engraçado e até emociona sem ser melodramático. A Mente que Mente, resumindo, é diferente. De verdade.