Logo nas primeiras imagens, a série Rua Augusta, que estreia dia 15 de março na TNT, mostra a que veio: uma câmera ágil passeia pelo cenário paulistano, focando nos moradores de rua, os frequentadores dos bares noturnos, os leões de chácara, as strippers. Dentro de uma casa noturna, Fiorella Mattheis faz um striptease para os clientes, e também para o espectador.
Com tantos estímulos ao redor, a câmera não para nunca, seguindo os personagens pelos corredores, captando as luzes vermelhas, verdes e azuis dos neons, imprimindo muito bem o dinamismo daqueles ambientes. O primeiro elemento a chamar a atenção é o belo trabalho de fotografia e a edição competente, capaz de apresentar sem atropelos mais de meia dúzia de personagens.
Outro aspecto interessante no primeiro episódio de Rua Augusta é a maneira como ninguém é particularmente vilanizado ou idealizado. Ao invés de criar mocinhos e bandidos, a história prefere abordar a naturalidade de crimes que não espantam nenhum personagem - seja os assassinatos impunes, o tráfico de drogas, as relações promíscuas com a polícia e com os poderosos.
Em pouco tempo, o roteiro disseca o lado B da vida paulistana, onde tudo é possível contanto que se tenha dinheiro e os contatos certos. Longe do fetichismo do crime, Rua Augusta humaniza estas pessoas, inserindo-as dentro de um mesmo sistema. A stripper Mika (Fiorella Mattheis), o empresário Alex (Lourinelson Vladimir), o jornalista Emílio (Rodrigo Pandolfo), a stripper Nicole (Pathy de Jesus, excelente) e os seguranças Raul (Milhem Cortaz) e Dimas (Rui Ricardo) agem de acordo com as circunstâncias, num universo em que as regras podem ser flexibilizadas ou negociadas.
O início de Rua Augusta é bastante promissor. Resta saber de que maneira os diretores Pedro Morelli e Fábio Mendonça vão desenvolver a trama e, principalmente, que discurso vão transmitir sobre a violência e a ilegalidade retratadas em tela.
