De acordo com o mestre Alfred Hitchcock, um bom filme de mistério é aquele onde se desenvolve um processo intelectual, de forma que sempre se procure o porquê do ocorrido até a revelação derradeira. Por mais que esteja na seara das séries de TV, esta é uma definição precisa para Blindspot - ao menos se for levado em consideração o episódio de estréia, exibido em primeira mão na Comic-Con 2015.
Protagonizada por Jaimie Alexander, a Sif dos filmes do Thor, Blindspot é a típica série onde o espectador é convidado a desvendar um imenso mistério. Afinal de contas, a personagem principal é encontrada sem ter a menor ideia de sua identidade, do que é capaz de fazer e, para completar, seu corpo é repleto de tatuagens com significados ocultos. Ou seja, prato cheio para muita especulação.
Com tanto a ser descoberto, o primeiro episódio cumpre com competência a função de incitar a curiosidade do público. Em parte graças ao bom trabalho da protagonista, que dosa com habilidade o olhar surpreso com o ar decidido de quem quer saber mais sobre seu passado, independente de como seja. Jamie também brilha na cena de luta, brutal mas sem sangue, revelando uma faceta física para a personagem.
Talvez pela ansiedade em capturar logo o espectador, o grande pecado deste primeiro episódio é a necessidade em criar uma subtrama que, de alguma forma, se encerre neste mesmo capítulo. Há também um excesso na trilha sonora e na edição, de forma a ressaltar o tom de suspense. A existência de ganchos explícitos em vários trechos, que podem ser desenvolvidos mais à frente, soa mais atraente.
Ao menos pelo início, Blindspot é uma série promissora. Há vários caminhos a serem seguidos pelos roteiristas, da investigação do passado à ameaça que a personagem principal pode representar, com direito a todo tipo de crise existencial. Resta acompanhar como todo este mistério será conduzido de agora em diante, o que será decisivo para o sucesso (ou não) da série.