Por Lucas Salgado
Você acha que qualquer país gostaria de ter um filme ganhador do Urso de Ouro, do Globo de Ouro e favorito ao Oscar? Pois bem, não é isso que acontece, especialmente em ditaduras. O governo do Irã divulgou uma nota oficial afirmando que A Separação apresenta uma versão distorcida da República Islâmica e que, por isso, tem sido favorecido por críticos internacionais.
"É preciso sempre olhar esses festivais com discernimento. Algumas vezes vemos que os que organizam esses eventos dão prêmios valiosos a filmes cujo tema central é a pobreza e as dificuldades de um povo. Isso não deveria fazer nossos artistas ignorarem os pontos positivos e as evidentes características de nossa nação a fim de ilustrar o tipo de coisa bem recebida pelos organizadores de tais festivais", destacou Ramin Mehmanparast, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Ao receber o Globo de Ouro do último domingo, o diretor Asghar Farhadi fez um discurso discreto e não cumprimentou Madonna, que foi a responsável por apresentar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. A lei iraniana proíbe o contato entre mulheres e homens que não sejam casados.
O governo de Mahmoud Ahmadinejad tem ficado conhecido por sua rigidez com cineastas locais. Vários diretores chegaram a ser presos e condenados recentemente, como foi o caso de Jafar Panahi, Mahnaz Mohammadi e Mojtaba Mirtahmasb.
A Separação chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, 20 de janeiro.