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    Cine PE 2019: Traumas e vivências pessoais se conectam com poesia em Apneia, curta que compõe a mostra competitiva do festival

    Carol Sakura assina o roteiro que fala sobre sua própria vida.

    Inicialmente previsto para ser um quadrinho, Apneia logo foi desenvolvido como curta-metragem quando os diretores Walkir Fernandes e Carol Sakura viram o potencial do roteiro, feito com base na vida pessoal de Sakura e uma espécie de "exorcismo" do próprio passado, segundo a própria. 

    Após vencer o prêmio de ACCRJ de Melhor Curta-Metragem Brasileiro no 27º Anima Mundi, Apneia também compõe a mostra competitiva do Cine PE 2019, tendo sido exibido na noite desta quarta-feira (31). Em forma de animação, a obra conta a história da pequena Muriel, que encontrou no medo de nadar uma forma de refletir sobre si mesma e, sobretudo, em sua relação com a mãe e outros traumas da infância.

    Sobre a origem do roteiro, Sakura explicou, em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (01), que tudo surgiu a partir do momento em que ela aprendeu a nadar. "Eu tinha um trauma de ter caído na água, então quando eu aprendi fiquei encantada, porque parecia algo muito grande que eu tinha resolvido. Encarei isso como uma metáfora com outras coisas que tinham acontecido comigo. De certa forma, era uma pequena centelha de transformação. A base do roteiro foi a ideia de ver esse mar, uma questão forte com o feminino, e os aspectos tenebrosos que vêm com o feminino - os traumas, a relação com a mãe...", disse.

    Com uma linguagem bem poética, sob a voz da pequena Muriel, Walkir Fernandes disse que 90% desta abordagem vem do próprio texto, que encaminhou bem o filme. "Meu trabalho como diretor era não estragar este filme", disse em tom de brincadeira. "Tínhamos medo de transformar algo poético em algo piegas, então, na hora da decupagem tivemos o cuidado de não soar repetitivo, com a imagem complementando algo que tenha sido dito."

    "Foi um processo demorado, justamente por esse nosso medo de não extrapolar", continuou, dizendo que a maior força da obra se dá pelo fato de sua sutileza. "O filme é muito sutil, então qualquer coisa que saísse dessa linha poderia cair nesse piegas - então, optamos por uma trilha-sonora mais suave também. Falamos de coisas muito pesadas e pessoais ali. É uma super exposição, então acho que esse foi o grande ponto de Apneia."

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