O atentado a Nick Fury
Após o sucesso de Os Vingadores - The Avengers, a Marvel vinha de duas decepções (Homem de Ferro 3 e Thor: O Mundo Sombrio) quando Capitão América 2 - O Soldado Invernal chegou aos cinemas — e chocou a todos. Sério, sombrio, o filme é um verdadeiro thriller de espionagem até seu terceiro ato (que padece da grandiloquência e palidez habituais das batalhas finais do estúdio), destinando longos minutos para simular um atentado repleto de urgência e tiros secos nas ruas de uma cidade grande como no cinema autoral do mestre Michael Mann. O alvo é Nick Fury (Samuel L. Jackson). Ele é atingido e mostrado no chão, ensanguentado, o que agrava a tensão da enorme sequência. O terrorista implacável que age sorrateiro surge de maneira cinematográfica — do meio da fumaça sai um novo Bucky Barnes (Sebastian Stan), lobotomizado, transformado em arma letal — no momento de maior vulnerabilidade de seu alvo. Brilhante!
Guerra civil no aeroporto
A melhor sequência de ação dos Vingadores está em outro filme do Capitão América. Sim, o momento icônico em que os super-heróis se dividem e lutam entre si num aeroporto em Guerra Civil é o melhor deles reunidos, e englobando todos os pontos que fazem o sucesso da franquia da Marvel. Pela explosão do conflito entre Steve Rogers (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.), pelo humor afiado do Homem-Aranha (Tom Holland) e do Homem-Formiga (Paul Rudd) e pelo bom encadeamento da grande set piece de ação pelos diretores Joe e Anthony Russo, combinando com maestria os muitos personagens e cenários em uma sequência de tirar o fôlego.
Luta interdimensional
O tempo pode mudar nossa impressão sobre os filmes. Thor: O Mundo Sombrio ainda não ficou bom com o tempo — e eu duvido muito que isso aconteça um dia. Mas sua melhor sequência de ação fica melhor à medida em que a Marvel repete fórmulas nas batalhas finais de seus filmes. No segundo longa do Deus do Trovão, o protagonista enfrenta seu inimigo alternando entre diversas dimensões, o que confere originalidade sem tirar o dinamismo da sequência ou inflando de computação gráfica essas cenas (embora elas existam, e muito). As tentativas de Jane (Natalie Portman) e Selvig (Stellan Skarsgård) em ajudar Thor e a falta de noção de Darcy (Kat Dennings) equilibram com humor a sequência e fazem dela ainda mais singular dentro do UCM.
Canto do Yondu
Yondu (Michael Rooker) é o personagem que mais ganha espaço em Guardiões da Galáxia Vol. 2. O centauriano se torna complexo ao ponto de protagonizar a cena mais emocionante do filme. Mas antes do canto do cisne, seu canto é o tom de uma sequência de ação cheia de inventividade, em que ele assobia para guiar sua flecha neon para a fuga da prisão, eliminando seus inimigos em um trecho repleto de música, com uma bela coreografia, o humor característico do cineasta James Gunn e visualmente deslumbrante.
Thomas, o trem desgovernado
Homem-Formiga é um filme menor dentro do Universo Cinematográfico Marvel — e isso não é um trocadilho. É nítida a despretensão do filme, baseada na personalidade de Scott Lang (Paul Rudd), um cara humilde, de moral questionável, tentando ganhar a vida com pequenos furtos ao lado de amigos ainda mais derrotados. Embora ingresse em uma jornada em busca do respeito próprio e de sua filha, a singeleza inerente ao protagonista e seu alterego heróico se manifesta em sua batalha final. A cena em que o vilão Jaqueta Amarela (Corey Stoll) sucumbe ao trenzinho Thomas, seguido da abertura do plano e a percepção da ínfima escala de toda aquela luta nos trilhos de uma locomotiva de brinquedo em um quarto de criança, é pura inspiração.