Pantera Negra chegou aos cinemas no último final de semana celebrado como um passo importante para a representação negra em Hollywood. Entretanto, mesmo com tanto sucesso de crítica e de público, o longa-metragem da Marvel Studios tem sido alvo de um antagonista infinitamente mais nocivo do que o vilão interpretado por Michael B. Jordan: o próprio racismo.
Na milionésima prova de que não se deve acreditar em tudo que está na internet, o final de semana de lançamento de Pantera Negra foi marcado por uma série de boatos no Twitter. Pessoas usaram o microblog para publicar e propagar relatos falsos sobre espectadores brancos que teriam sido agredidos por fãs negros durante sessões do filme estrelado por Chadwick Boseman.
Diversos trolls nos Estados Unidos espalharam os rumores para difamar os fãs negros do filme da Marvel com um claro viés racista. "Eu fui ver Pantera Negra com a minha namorada e um adolescente negro gritou 'Você está no cinema errado' e quebrou uma garrafa no rosto dela", diz um dos falsos relatos, acompanhado por uma imagem sangrenta de uma mulher agredida. Com uma mera busca reversa no Google, descobre-se que a imagem explícita é de uma sueca que foi atacada após abusada sexualmente em uma casa noturna em janeiro deste ano.
Um usuário do Twiiter reuniu o falso relato com as notícias do caso real para alertar seus seguidores sobre o problema. "Posts falsos estão sendo criados para depreciar as pessoas negras e parte triste disso é que algumas pessoas vão acreditar."
Outra usuária do Twiitter reuniu prints de outra falsa acusação falsa de agressão durante a sessão de Pantera Negra e lembrou que foram falsos testemunhos motivados por racismo que causaram inúmeros linchamentos de pessoas negras inocentes ao longo da história dos Estados Unidos, país marcado por conturbadas relações raciais. Um dos exemplos utilizados foi o caso do lichamento do adolescente Emmett Louis Till, em 1955. Em 2015 foi anunciado que Whoopi Goldberg produziria um filme sobre sobre o caso e que Jay Z e Will Smith iriam financiar uma minissérie sobre o mesmo tema.
Outros usuários fizeram piada com o abusrdo de tais acusações falsas e chegaram a usar imagens do ator Steven Yun em uma cena da série The Walking Dead para ilustrar suas publicações.
Outro lado lamentável de tais falsas acusações é que boa parte delas usa imagens de mulheres que foram vítimas de violência doméstica, em claro desrespeito ao trauma sofrido pelas vítimas, como mostra uma reportagem feita pelo Buzzfeed.
O cineasta James Gunn, diretor de Guardiões da Galáxia (2014) e Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017), denunciou as difamações. "Os racistas estão à solta criando histórias deplóraveis em suas próprias cabeças com vários tweets falsos sobre violência em sessões de Pantera Negra. Na verdade, pessoas de todas as trajetórias de vida estão curtindo o filme juntas neste final de semana. Não deixe esse tipo de merda assustar você."