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    Game of Thrones S06E09: A Batalha é dos Bastardos, mas a guerra não

    Nossa crítica do episódio 9 de Game of Thrones, Battle of the Bastards.

    ATENÇÃO: Contém SPOILERS do episódio 6x09 de Game of Thrones, Battle of the Bastards

    Game of Thrones prometeu a maior cena de batalha da história em sua sexta temporada. E, adivinhem só, cumpriu. O episódio 9, "Battle of the Bastards", entrega uma história bem amarrada, com uma cinematografia memorável e reviravoltas inesquecíveis. Facilmente, se consagra o melhor episódio da temporada – e coloca mais uma batalha na lista das melhores já executadas na série.

    Já é possível perceber que o episódio vem recheado de surpresas logo na primeira cena, que encontra o público com uma quebra de expectativa. A cena de abertura traz uma batalha no meio de seu clímax, e embora possa ter levado muitos acharem que estavam vendo a batalha pelo Norte, o texto se inverte e vemos não um bastardo, mas uma herdeira legítima do Trono de Ferro: Daenerys Nascida da Tormenta [insira aqui todos os outros nomes] Targaryen.

    Esta quebra de ritmo traz vários pontos positivos, a começar por tirar o público de um lugar confortável em que assiste algo já previsto. Muitos esperavam um episódio inteiramente focado no Norte, como foi sugerido no material promocional e como foi feito nas temporadas anteriores durante confrontos épicos (e no 5x08 "Hardhome", por exemplo). Por começar tirando esta certeza dos espectadores, já sinaliza que o episódio é uma região não-habitada. Tudo pode acontecer.

    Felizmente, a introdução de Meeren no episódio não fica apenas neste início e, de fato, temos mais uma interação entre Dany e Tyrion, repetindo a incrivelmente satisfatória química entre Emilia Clarke e Peter Dinklage em cena. E embora a batalha que todos queiram ver vá se desenrolar no distante Norte, sobre o frio e a neve, é impossível não sentir calafrios quando Daenerys ordena “dracarys” e seus três filhos colocam tudo em ordem pelo fogo. Aliás, ver os três dragões juntos novamente pelos ares depois de tanto tempo também foi uma boa surpresa. O fim do confronto com os Mestres, embora executado convenientemente às pressas, indica que finalmente Dany poderá deixar a cidade de vez.

    HBO

    Sem medo de gastar boa parte do orçamento da temporada, "Battle of the Bastards" traz uma grandiosa batalha por Winterfell. Impressionante em número e tamanho, exuberante em uma fotografia da qual é impossível tirar os olhos, o penúltimo episódio da temporada entrega uma trama que amarra algumas pontas soltas deixadas ao longo do caminho. A que mais se destaca é Sor Davos finalmente confrontar Melisandre sobre a morte de Shireen, e ter a oportunidade de se lembrar da garota por quem tinha tanto afeto. Após o assunto ter ficado “de molho” por oito episódios, com Davos completamente fora de sua personalidade ao não confrontar Melisandre a respeito de Stannis e Shireen, é nada mais do que um justo acerto de contas vê-lo nesta forma.

    Entre os grandes confrontos do episódio, Jon Snow x Ramsay Bolton não é o único, e é preciso destacar mais uma vez o quanto a transformação de Sansa fez dela uma personagem amadurecida, essencial à trama e infinitamente mais determinada do que a garota ingênua que deixou Winterfell há anos junto ao pai e aos irmãos rumo a Porto Real, na primeira temporada. Quando Sansa questiona os métodos de Jon para o campo de batalha e exige que o seu conhecimento e a sua visão também sejam levados em conta – enquanto espera que seu chamado pelas tropas do Vale seja atendido – é possível perceber claramente que Lady Sansa está jogando o Jogo dos Tronos. E para ganhar.

    Seja através do amadurecimento de Sansa ou da recém-encontrada amizade, para além do Mar Estreito, entre Yara Greyjoy e Dany Targaryen, há um destaque da força feminina em meio à grande batalha dos homens. Embora já soubéssemos que os Greyjoy estavam indo à procura da rainha Targaryen perdida, não era de se esperar que houvesse uma interação tão positiva entre as duas aspirantes, mas forma uma dupla potencialmente bem interessante de se ver.

    O trabalho de direção de Miguel Sapochnik transforma a batalha física em um verdadeiro espetáculo, e faz até um bom uso da câmera tremida para transmitir a sensação de claustrofobia de Jon Snow quando este quase morre sufocado. É inegável que o esforço para criar uma grande batalha se equipara aos eventos imortalizados em "Blackwater", episódio 2x09, e em "Hardhome", 5x08. O que não dá para comparar, porém, é a linearidade extremamente incômoda do roteiro em "Batte of the Bastards", em saídas previsíveis como a chegada das tropas do Vale exatamente durante o clímax da batalha e a falta de complexidade entre um lado e outro das linhas inimigas. Se na Batalha de Água Negra e na Batalha de Durolar era possível entender as motivações de ambos os lados, aqui há somente um vilão maléfico, Ramsay, e um herói salvador, Jon, fazendo com que a série caia em um clichê que tanto busca evitar.

    Com ou sem propósito, o episódio foi exibido na data em que os Estados Unidos comemoram o dia dos pais, e é fácil observar a temática costurando os distintos eventos. Dany é relembrada, por Tyrion, da sombra do péssimo reinado do seu pai, e posteriormente cria laços com os Greyjoy justamente pelo fato de os três (Daenerys, Yara e Theon) terem tido pais que foram pessoas ruins. No Norte, Jon luta para trazer de volta o nome e a herança do pai, enquanto Ramsay vê o nome que tanto quis para si, Bolton, chegar à ruína pelas suas próprias mãos. Por fim, Sansa, que nunca deixou ou vai deixar de ser uma Stark – segundo ela mesma – mostra que aprendeu que, no jogo dos tronos, a honra cede lugar à vingança.

    Ou você acha que Ned Stark teria aprovado dar Ramsay aos cães?

    Considerações finais:

    1- A vingança de Sansa contra Ramsay com certeza deixou muita gente na ponta do sofá, comemorando o destino do cruel personagem – que despertou tanto ódio, ou até mais, que Joffrey Baratheon. Ramsay diz a Sansa em seus últimos momentos que ele continuará sendo “uma parte dela”, e antes que alguém saia por aí acreditando na teoria de que ela está grávida dele, vamos com calma: ele quis dizer que os horrores plantados por ele na cabeça de Sansa continuarão lá. E apenas o fato de ela ter concedido a ele uma morte cruel aos próprios modos sádicos do bastardo Bolton já prova que ele não estava totalmente errado.

    2- Sim, pode shippar Dany e Yara. Já tem até nome. Danyara. Ou seria Yanerys? Tema aberto a discussões.

    3- Juntando todas as dicas já apresentadas, fica bem claro o que vai acontecer no último episódio da temporada. Caso ainda restasse alguma dúvida sobre qual é o plano de Cersei, mencionado no episódio 8, a trama ficou bem evidente depois de Tyrion, sem nenhuma razão específica, ter mencionado o fogovivo que o Rei Louco manteve sob Porto Real. O que isso quer dizer? Cersei + Fogovivo = Kaboom!

    4- Uma cena breve, porém marcante, é quando Tyrion rende um dos Mestres de Escravos. Quando este se ajoelha, o ângulo da câmera dá a impressão por alguns segundos de que Tyrion – no controle da situação – é fisicamente maior que o primeiro.

    5- Um Stark a menos no mundo. A volta de Rickon foi breve, e não é exatamente uma surpresa que ele não tenha sobrevivido. Desde sua primeira aparição, e da morte desnecessária de Asha, ficou claro que ele era apenas mais um voltando para causar choque ao morrer.

    Nota: 4,5

     

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