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    Anticristo, de Lars Von Trier, é proibido na França após pressão de grupo religioso

    Azul é a Cor Mais Quente e Love foram os últimos alvos dos conservadores.

    O grupo católico Promouvoir conquistou mais uma vitória contra as imagens de sexo nos cinemas franceses. Após forte pressão da entidade, o drama Anticristo (2009), de Lars Von Trier, perdeu seu certificado de exibição na França - o que significa que não pode ser exibido até ganhar nova classificação etária. Antes dessa decisão, o filme era proibido aos menores de 16 anos. Um juiz acatou o pedido em função das cenas de "grande violência" e de "sexo não simulado".

    Anticristo traz a história de um casal abalado pela morte recente do filho pequeno. Enquanto o marido (Willem Dafoe) tenta lidar com o luto de modo racional, a esposa (Charlotte Gainsbourg) mergulha numa depressão profunda. As metáforas visuais do cineasta dinamarquês incluem cenas de animais mortos, sexo explícito e genitálias mutiladas. Gainsbourg venceu o prêmio de melhor atriz no festival de Cannes por esta história. 

    Como a produção data de 2009 e está fora do cinema há anos, o impacto principal diz respeito à venda de DVDs, que precisariam ser atualizados com a nova indicação etária, e às exibições na televisão, que seriam restritas a horários noturnos específicos. A maior intenção do Proumovoir, no entanto, é de ordem moral. O grupo manifesta-se radicalmente contra cenas de sexo, e já obteve sucesso em processos semelhantes contra Azul é a Cor Mais Quente, Love, Cinquenta Tons de Cinza e Ninfomaníaca, também de Lars Von Trier.

    Tanto Love quanto Azul é a Cor Mais Quente tiveram a sua classificação etária aumentada, mesmo após o fim da exibição nos cinemas. Na época, Gaspar Noé, diretor de Love, compartilhou sua indignação: "Na Internet, não existe sistema de classificação, então é estranho que as pessoas ainda acreditem que faz sentido classificar um filme. Gostaria que as pessoas ficassem chocadas cada vez que veem uma arma num filme. Não entendo porque um pênis é mais chocante que uma arma".

    A comunidade cinematográfica francesa, através da ARP, não demorou a responder à decisão dos juízes que passaram por cima da aprovação da censura 16 anos estipulada pelo Ministro da Cultura e pela Comissão de Classificação: "É surpreendente que muitos filmes, aclamados nos maiores festivais e que não ofenderam a sensibilidade e ninguém - exceto os promotores do novo obscurantismo - possam ser proibidos ao público. É chocante que uma associação extremista e repressiva decida o que pode ser visto ou não na França".

    A controvérsia ocorre no momento em que o país, um dos mais liberais do mundo em termos de censura no cinema, está revendo o seu sistema de classificação etária.

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