Foi uma noite especial. Por mais que a programação reservasse a exibição de mais cinco curta-metragens da mostra competitiva - entre eles o aguardado (e ótimo) A Copa do Mundo no Recife, de Kleber Mendonça Filho - e do longa Sinfonia da Necrópole, dirigido por Juliana Rojas, os olhares estavam todos voltados para ele: Matheus Nachtergaele, o grande homenageado do 22º Festival de Vitória.
Horas antes, o ator já havia expressado sua emoção durante a coletiva à imprensa. Disse que se considera um "homem de cinema", por mais que também tenha trabalhado bastante na TV e no teatro. Não se considera um grande ator, apesar de ter no currículo personagens emblemáticos como João Grilo (O Auto da Compadecida), Cenoura (Cidade de Deus), Dunga (Amarelo Manga) e Cintura Fina (minissérie Hilda Furacão). E definiu que o ofício de ator tem a função de incomodar o público, tirá-lo de sua zona de conforto.
Ao ser chamado ao palco, aplausos. De pé. Uma verdadeira ovação. Foi do diretor e amigo Lírio Ferreira que recebeu o Troféu Vitória. "Um momento como esse me faz pensar na carreira e, principalmente, na minha vida", disse. Ao público, revelou: antes de entrar em cena, costuma cantar "O Compositor Me Disse", de Gilberto Gil. E cantou, para que todos pudessem ouvi-lo.
Antes de deixar o palco, o homenageado fez um último pedido: uma salva de palmas a Baco, seu cachorro, que falecera naquele mesmo dia. "Obrigado, meu Baco", disse Matheus, emocionado pela homenagem e também pela perda do amigo de 16 anos. Foi, realmente, uma noite especial.