A internet, nessa quinta-feira (11), foi marcada por uma notícia triste e inúmeras homenagens. Tudo começou quando o Telegraph divulgou que o já saudoso Christopher Lee, ator, dublador e músico de 93 anos, falecera no último domingo. Então, todos manifestaram genuína comoção, em tom de retribuição ao legado deixado pela lenda britânica.
Dentre todas essas homenagens, a mais pungente foi, provavelmente, a de Peter Jackson. O cineasta, que teve o prazer de dirigir Christopher Lee em cinco filmes das franquias O Senhor dos Anéis e O Hobbit, compartilhou tamanha honra com belas palavras, tais como lembrar que Lee foi "um verdadeiro cavalheiro, numa era que já não valoriza os cavalheiros".
Leia o lindo depoimento, na íntegra, e emocione-se sem pudor:
"Foi com uma tremenda tristeza que eu soube do falecimento de Sir Christopher Lee. Ele tinha 93 anos de idade, há algum tempo não vinha gozando de sua usual boa saúde, mas seu espírito se manteve, como sempre, indômito.
Christopher falava sete línguas; ele foi, em todos os sentidos, um homem do mundo; versado em arte, política, literatura e ciência. Ele foi um estudioso, um cantor, um contador de histórias extraordinário e, claro, um ator maravilhoso. Uma das minhas coisas favoritas a fazer sempre que eu ia a Londres era visitar Christopher e Gitte, onde ele iria me deliciar com horas e horas de histórias sobre sua vida extraordinária. Eu adorava ouvi-las e ele adorava contá-las – elas eram contadas da forma mais atraente porque elas eram verdadeiras –, histórias de seu tempo com o SAS [Serviço Aéreo Especial da Grã-Bretanha], durante a Segunda Guerra Mundial, dos anos do Horror da Hammer e, depois, de seu trabalho com Tim Burton – do qual ele foi extremamente orgulhoso.
Eu tive a sorte de trabalhar com Chris em cinco filmes ao todo e nunca deixou de ser uma emoção vê-lo no set. Eu me lembro dele dizendo, no meu aniversário de 40 anos (ele tinha 80 na época), "Você é a metade do homem que eu sou". Ser metade do homem que Christopher Lee foi é mais do que eu jamais poderia esperar. Ele foi um verdadeiro cavalheiro, numa época que já não valoriza cavalheiros.
Eu cresci amando os filmes de Christopher Lee. A maior parte da minha vida eu passei encantado pelos grandes e icônicos papéis que ele não apenas criou, mas de que se apropriou ao longo de décadas. Mas, em algum ponto de sua estrada, Christopher Lee, de repente e magicamente, dissolveu-se e tornou-se meu amigo, Chris. E eu passei a amar Chris ainda mais.
Nunca haverá outro Christopher Lee. Ele tem um lugar único na história do cinema e nos corações de milhões de fãs ao redor do mundo.
O mundo será um lugar menor sem ele.
Minhas profundas condolências a Gitte e a sua família e amigos.
Descanse em paz, Chris.
Um ícone do cinema virou lenda."