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    Cinquenta Tons de Cinza: Roteirista se recusou a ver o filme após mudanças drásticas em seu texto original

    "Quando entreguei o roteiro, eu percebi que quando eles diziam 'Sim, isso é exatamente o que queremos', era tudo uma absoluta mentira."

    Universal

    O tremendo sucesso comercial de Cinquenta Tons de Cinza jamais poderá ser atribuído ao seu roteiro roteiro "louco e artístico". Simplesmente porque assim o material não é. Mas foi. E é exatamente esse o motivo por Kelly Marcel, autora da primeira versão da adaptação, se recusar a assistir ao filme.

    “Meu coração ficou realmente partido durante o processo. De verdade.", começou a escritora, em participação no podcast de Bret Easton Ellis. "Não digo isso com nenhum tipo de amargura, raiva ou coisa do tipo. Eu apenas sinto que eu não posso assisti-lo sem sentir nenhuma dor pelo quão diferente [o filme] é do que eu escrevi inicialmente", continuou a roteirista, até explicar que uma das alterações propostas foi uma narrativa não-linear.

    "Eu queria que o filme começasse pelo final, para que nós [os espectadores] pudéssemos nos encontrar [com os personagens] no meio. Assim, você começaria com os espancamentos, e haveria alguns flashes ao longo do filme", falou Marcel sobre a narrativa, até explicar a sua intenção final: "Eu queria tirar todos os monólogos interiores de Ana. Eu queria remover muitos dos diálogos. Eu sentia que poderia ser um filme realmente sexy se não tivesse tanto falatório no meio."

    Kelly Marcel entende por que seu material não foi mantido. Sobre as brigas entre a diretora Sam Taylor-Johnson e a escritora E.L. James, ela opinou que é mesmo muito difícil trabalhar "algemada" (belo trocadilho) e "incapaz de implementar sua visão criativa", mas que essa situação esteve sempre muito clara. Marcel percebeu isso muitas semanas antes do início das filmagens.

    "Quando eu entreguei o roteiro, eu percebi que quando eles diziam "Sim, isso é exatamente o que queremos' e 'Você pode escrever tudo o que quiser e tornar isso louco e artístico', era tudo uma absoluta mentira. Absolutamente", disse Marcel, enfática, até abrir o jogo sobre a quem se referia: Erika Leonard James, autora dos livros e produtora do filme.

    "Erika ficava 'Não é assim que eu quero que seja, e eu não acho que esse é o filme que os fãs estão procurando...' Enfim, Erika teve mesmo todo o controle."

    Cinquenta Tons de Cinza fez surpreendentes US$569 milhões ao redor do mundo, tornando-se o filme para maiores de 18 anos recordista de bilheteria.

    Cinquenta Tons Mais Escuros, o segundo capítulo da franquia, estreia em fevereiro de 2017.

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