Quando chegar ao circuito brasileiro o drama Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, devem surgir muitas comparações com o sucesso Hoje Eu Quero Voltar Sozinho: ambos são filmes de diretores jovens, que ganharam força e visibilidade através do festival de Berlim. As duas histórias tratam de jovens garotos de classe média, de maneira leve e respeitosa, em seus conflitos com a descoberta da sexualidade.
Beira-Mar mostra os amigos gaúchos Martin e Tomaz viajando juntos ao litoral. No início, não se sabe muito bem o que motiva o passeio, mas logo o espectador descobre algumas questões familiares a ser resolvidas. O lugar é frio, relativamente vazio, e os dois buscam atividades para fazer, desde a ida a casas noturnas até passeios na praia e festas em casa.
Aos poucos, o filme trabalha a possibilidade de atração entre eles. Embora já tenham mais de dezoito anos, estes jovens ainda são imaturos e infantis no amor. Talvez o ritmo bastante lento e a voluntária ausência de conflitos desestimule alguns espectadores - Beira-Mar não faz questão de ser "fofo" como Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, com seu otimismo e suas canções indie pop - mas o filme faz uma investigação corajosa da juventude, mostrando o sexo de modo natural em tela.
É muito bom ver o cinema brasileiro valorizando novos temas e novos grupos sociais.