O que fazer para que a adaptação de um programa de TV para o cinema não seja apenas um episódio estendido da obra original? “A minha primeira preocupação foi não me preocupar com isso”, garante o diretor Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora), responsável por fazer caber na tela grande Os Caras de Pau, seriado da TV Globo.
“Pensar em mercado audiovisual hoje é muito mais complexo, porque o consumo está muito diferenciado. O cara vê um filme hoje em quatro dias, o cara vê [um filme do Stanley] Kubrick num celular, na luz, na praia”, aponta ele.
O produtor, Augusto Casé, já havia declarado que sua intenção com o filme é a de recuperar as franquias de lançamentos de fim de ano para a família, nicho antes ocupado por Os Trapalhões. “O mercado não detém esse controle, mas o público quer isso. A gente está entregando o que [o público] quer”, confessa Joffily.
Mas a dupla de atores protagonistas confirma a finalidade: “Esse filme é um filme dos Trapalhões”, arrisca Marcius Melhem, o intérprete do Pedrão, “guardadas as devidíssimas proporções”. “A gente usa, inclusive a estrutura de montar o nome do filme. Era ‘Os trapalhões em...’ e a gente é ‘Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel”, concorda Leandro Hassum (Jorginho). “O Dedé Santana (...) sempre achou que nós éramos os sucessores desse tipo de humor”, orgulha-se Melhem.
Além da referência ao quarteto da Globo, os atores citaram uma série de outras alusões, inclusive ao Kill Bill de Quentin Tarantino, segundo a atriz Christine Fernandes, que vive a mocinha Gracinha. Ela, que já trabalhou ("trapalhou?") em O Trapalhão e a Luz Azul relembra como foi beijar Renato Aragão, um ídolo de infância, em cena.
Dezessete quilos mais magro – a entrevista foi realizada no dia 1º de dezembro –, Hassum deixa um recadinho especial para os leitores do AdoroCinema: “tá acabando o ano, só mais essa”.