Teoria Pixar
Os adorados filmes da Pixar são repletos de mensagens escondidas com elementos de outras produções do estúdio e piadas internas autorreferentes. Até aí, tudo bem. A grande epifania aconteceu quando um jornalista chamado Jon Negroni elaborou uma teoria em que tenta provar que todas as animações da subsidiária da Disney se passam no mesmo universo e seguem uma mesma linha do tempo.
Negroni acredita que a dialética dos filmes da Pixar se dá no conflito entre humanos, animais e máquinas/objetos autoconscientes.
O ponto de partida seria Valente, que se passa na Escócia medieval. No filme, a princesa Merida conhece uma misteriosa bruxa capaz de manipular uma energia que dá vida a objetos inanimados e faz animais agirem como humanos. Os experimentos da bruxa explicam, posteriormente, a vitalidade dos brinquedos de Toy Story e dos veículos de Carros, e a inteligência dos animais de Procurando Nemo, Ratatouille, Vida de Inseto e Up - Altas Aventuras. Em Up - Altas Aventuras, o vilão Charles Muntz parece ter conhecimento da inteligência animal e desenvolve coleiras especiais para se comunicar com cães.
Com a descoberta do potencial dos animais observada por Charles Muntz, os humanos passaram a desenvolver tecnologias para manter sua hegemonia. Uma grande corporação, chamada Buy-n-Large (BNL), é criada e inicia a uma nova revolução industrial, o que inicia uma poluição sem precedentes no Planeta Terra. É a partir daí que os conflitos entre humanos, máquinas e animais se acirram, causando a morte de muitos super-heróis em Os Incríveis e o futuro desolado e pós-apocalíptico visto em Wall-E.
"Quando os animais se revoltam contra humanos para impedir a poluição da Terra, quem vai salvar os homens? As máquinas. Sabemos que as máquinas vencerão essa guerra: quando ela chega ao fim, não há mais animais na Terra. Quem sobra?", indaga Negroni em sua teoria.
A Terra se torna inabitável e só restam os automóveis inteligentes de Carros. Os humanos que sobreviveram ao clima de desolação passam a viver em Axiom, gigantesca nave espacial vista em Wall-E. Os humanos se tornam dependentes das máquinas em Axiom, governada pelo Piloto Automático, que nada mais é que uma evolução da força que fazia objetos como os brinquedos de Toy Story e os automóveis de Carros ganharem vida, uma inteligência artificial.
Depois que Wall-E liberta os humanos da Axiom, tem início uma nova fase na Terra. O momento seguinte na linha do tempo está reservado ao filme Vida de Inseto. "Sabemos que alguns insetos sobreviveram pela existência da barata [que é amiga do robô Wall-E], eles teriam se multiplicado mais rápido que os outros seres, apesar do filme ser distante o suficiente na timeline para os pássaros também terem retornado. Mas tem mais. Vida de Inseto destoa bastante quando comparadas as várias retratações de animais. Ao contrário de Ratatouille, Up e Procurando Nemo, os insetos têm muitas atividades humanas, algo que os ratos de Ratatouille estão apenas experimentando. Os insetos têm cidades, cafés, sabem o que é um bloody mary e até possuem um circo itinerante. Daí presumimos que o filme é ambientado em um período diferente", afirma Negroni.
Depois disso, humanos, máquinas e animais voltam a viver em paz. O ambiente propicia o surgimento de uma nova raça, as criaturas de Monstros S. A., que passam a ocupar o lugar dos humanos. "É possível que os monstros sejam apenas animais evoluídos modificados por causa da radiação da Terra" ou "um cruzamento entre animais e humanos para que eles sobrevivessem".
Monstros S. A. mostra uma crise de energia no mundo dos monstros, que se abastecem de sustos dados em humanos. Todos já tinham sacado que eles usam as portas para viajar para o mundo dos humanos, mas o que Negroni conclui é que as portas fazem os monstros, na verdade, voltarem no tempo. "Os monstros estão viajando para o passado. Eles estão armazenando energia para evitar a própria extinção indo quando a humanidade era mais proeminente. No limiar da civilização, se você preferir. Apesar de muito tempo ter passado, os monstros/animais nunca perderam suas animosidades em relação aos humanos. A crença de que qualquer toque em um humano poderia destruir o mundo deles vem de instintos passados. Por isso eles assustam humanos para armazenar energia até descobrirem que risos (energia verde) é mais eficiente por ser naturalmente mais positiva."
O último elemento que falta para fechar a Teoria Pixar é a menina Boo, de Monstros S.A.. Segundo a tese de Negroni, a menina "viu tudo acontecer em um futuro distante da Terra no qual o ‘gatinho’ era capaz de falar. Ela ficou obcecada em descobrir o que aconteceria com seu amigo Sully e o motivo de animais não serem tão espertos quanto aqueles que ela conheceu no futuro". Assim, ela descobre como voltar no tempo e viaja até os tempos de Valente. "Sim, Boo é a bruxa de Valente... Ali começou tudo e, como uma bruxa, ela desenvolve essa mágica como um esforço para encontrar Sully usando portas que voltam e avançam no tempo."
A conclusão de Negrini: "No final das contas, o amor dela pelo Sully é o cerne do universo Pixar. O amor de pessoas diferentes, de idades diferentes e até de espéciais diferentes tentando encontrar formas de viver na Terra sem destruí-la somente por luxos energéticos."
Achou a teoria muito grande? Foi apenas um resumo. O texto completo (traduzido para o português) você confere aqui.