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    Toronto 2014: A Teoria de Tudo estreia como o mais forte candidato ao Oscar até aqui

    Sensível cinebiografia do cientista Stephen Hawking é protagonizada por Eddie Redmayne em atuação magnífica.

    Qual a receita para um filme chegar ao Oscar? Ninguém sabe ao certo, claro, mas alguns aspectos ajudam. Cinebiografias, por exemplo, costumam agradar (Capote, Erin Brockovich). Se o retratado for do tipo problemático ou exigir uma transformação física do ator, então, é (quase) batata (Clube de Compras Dallas, Monster). Outra dica é deixar correr, em paralelo, as histórias profissional e amorosa do personagem central (Pollock, Forrest Gump).

    O problema é que seguir uma determinada cartilha, muitas vezes, resulta em uma produção sem alma (Uma Mente Brilhante, O Discurso do Rei). O que não é o caso deste A Teoria de Tudo, que teve sua estreia mundial no Festival de Toronto neste domingo, 8.

    O filme narra a vida do cientista Stephen Hawking, responsável pela teoria sobre buracos negros e portador de esclerose lateral amiotrófica – a doença para a qual foram angariados fundos com a recente brincadeira do desafio do balde de gelo.

       

    Pois o ator Eddie Redmayne (Os Miseráveis) está absolutamente impecável no papel do físico. Ele passa a maior parte do filme mudo, por conta da evolução da doença do personagem, mas adota um repertório de trejeitos e postura incrivelmente semelhantes aos de Hawking. O filme não só foi aplaudido no final da sessão da imprensa, como o próprio nome do ator recebeu uma nova salva de palmas quando apareceu nos créditos.

    James Marsh (vencedor do Oscar de melhor documentário com O Equilibrista) soube aproveitar com sensibilidade e leveza o extenso material da vida do estudioso, a partir do roteiro de Anthony McCarten (do ainda inédito A Morte do Super-Herói) que, por sua vez, foi baseado nas memórias da própria (primeira) esposa de Stephen Hawking, Jane Hawking – interpretada com delicadeza e profundidade pela atriz Felicity Jones (O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro). E já se fala em indicações para os três.

    É bem verdade que o contexto, ou seja, o trabalho científico do físico, é deixado de lado para privilegiar a história de amor do casal. Mas é uma opção que, como tal, foi bem executada, ilustrada por belas imagens. Além disso, o diretor não deixou de retratar um episódio da relação do casal que pode soar controverso aos mais conservadores.

    Se Nightcrawler foi capaz de gerar um burburinho a respeito da corrida em direção ao próximo Oscar, A Teoria de Tudo entra na disputa (pela disputa) anunciado por um megafone.

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