Em um festival de cinema, é bem normal que um filme receba aplausos ao término da sessão, mesmo que sejam apenas protocolares. Pois na exibição para imprensa do último concorrente ao Leão de Ouro, prêmio máximo do Festival de Veneza, aconteceu justamente o contrário: vaias, muitas vaias. O alvo foi Good Kill, novo trabalho do diretor Andrew Niccol (Gattaca - Experiência Genética), estrelado por Ethan Hawke e January Jones.
O motivo principal de tamanho protesto foi o desfecho do longa-metragem, manipulador a ponto de forçar uma redenção do personagem principal - e, consequentemente, do próprio ideal americano. Entretanto, excetuando os 10 minutos finais, não se trata de um filme ruim. Pelo contrário, aborda com propriedade um tema bastante atual e polêmico: o uso de drones pelo exército americano em plena guerra no Afeganistão.
Centrado no personagem de Hawke, um ex-piloto que agora é responsável por praticar tiro ao alvo através dos drones, Good Kill apresenta a nova realidade da guerra, disputada dentro da segurança de um gabinete e no melhor estilo Counter Strike. Niccol, que também assina o roteiro, explora as contradições do conflito a partir da obsessão em matar possíveis inimigos, mesmo que para tanto se passe por cima de questões fronteiriças e da possibilidade de matar civis. O diretor/roteirista coloca o dedo na ferida em questões básicas da chamada guerra preventiva, tão defendida pelo governo americano após os ataques de 11 de setembro, e até mesmo questiona o Nobel da paz dado a Barack Obama em 2009. O grande problema é o tal final, de um falso moralismo irritante.
Estrelado também por Bruce Greenwood, Zoë Kravitz e Jake Abel, Good Kill ainda não tem previsão de lançamento nos cinemas brasileiros.