por Bruno Carmelo
Quando venceu o Oscar de melhor atriz por Blue Jasmine, a atriz feminista Cate Blanchett aproveitou para alfinetar os produtores, afirmando que o público está cada vez mais interessando em protagonistas femininas, contrariamente ao preconceito da indústria. O sucesso das produções recentes Jogos Vorazes - Em Chamas, Frozen - Uma Aventura Congelante, Gravidade e Divergente tendem a comprovar essa ideia, e agora um estudo veio dar razão a Blanchett. Segundo o site Five Thirty Eight (confira o estudo completo, em inglês), os filmes destacando as personagens femininas recebem menos verba para a produção, mas acabam gerando mais lucrativos.
Como medir o papel das mulheres no cinema?
Para essa pesquisa, foi usado o famoso teste Bechdel, que avalia a importância dada às mulheres em um filme. Três critérios são analisados: a história precisa apresentar pelo menos duas mulheres com nomes; elas precisam conversar uma com a outra, e o tema da conversa não pode ser um homem. O teste pode ter suas limitações (Gravidade, centrado na personagem de Sandra Bullock, não seria aprovado por ter apenas uma mulher), mas acaba comprovando a predominância de heróis masculinos. Em geral, o índice de filmes aprovados no teste Bechdel variou entre 35% e 45% por cento nos últimos anos.
Filmes com mulheres recebem menos investimento...
Analisando 1.615 filmes entre 1990 e 2013, com os gastos ajustados para inflação, o estudo aponta que as produções aprovadas no teste Bechdel têm um orçamento muito menor do que as reprovadas. Os filmes tornam-se mais caros em histórias sobre mulheres que conversam entre si apenas sobre homens (caso de muitas comédias românticas), e principalmente em histórias sobre mulheres que não falam uma com a outra (caso de muitas personagens de "mãe do herói", "namorada do herói" etc.).
... mas acabam gerando mais lucros
Talvez por serem mais baratos, esses filmes também obtém melhor retorno de investimento. Os títulos aprovados no teste Bechdel faturam US$1,37 dólar para cada dólar investido, contra no máximo US$1,31 das produções reprovadas. O mesmo vale para o faturamento no exterior. Isso contraria o preconceito de alguns produtores, convencidos de que filmes sobre mulheres, ou com mulheres em papéis centrais, não atraem o público e não se exportam facilmente.
Mesmo assim, é importante lembrar que a esmagadora maioria de diretores, produtores e roteiristas em Hollywood são homens, o que talvez explique uma parte da reprodução destes padrões. Mas à medida que perceberem a realidade dos números apresentados acima, quem sabe as coisas não mudam?
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