por Roberto Cunha
Terça-feira, 1º de outubro. Enquanto na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, o cenário era de guerra, com policiais militares, lançando bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes, na Gávea, zona sul da cidade, o jornalista americano Jeremy Scahill apresentou seu polêmico documentário Guerras Sujas. O longa é um grande protesto que denuncia sem meias palavras as operações secretas do exército, que assassinaram diversas pessoas desde os ataques de 11 de setembro.
Scahill (foto acima) manifestou solidariedade aos repórteres e pessoas, vítimas da truculência policial nos protestos das ruas, e criticou também o escândalo envolvendo Agência de Segurança Nacional americana e o monitoramento de cidadãos brasileiros, como a presidente da república. As palmas da plateia, que enchia a sala, vieram em seguida.
Quem é ele?
Para quem ainda não tinha ouvido falar, Scahill é o autor do best-seller "Blackwater". O livro deu visibilidade para o seu trabalho de investigador de histórias sigilosas, bem diferentes das versões divulgadas pelo governo americano em áreas de conflito, como Afeganistão e Somália, entre outras.
Sem dinheiro para fazer o filme
Sem apoio de grandes empresas ou financiadores, o repórter disse que "esmolou" mesmo para poder realizar o longa em parceria com o diretor Rick Rowley, que tem 10 anos de experiência como câmera em zonas de conflito. Segundo ele, Rowley fez ainda a edição, fez as correções nas cores e teve a boa ideia de botar um rosto (no caso ele) para aparecer no filme.
Botando a mão na massa
Brincando que nenhum dos dois tinham feito jornalismo na faculdade, afirmou acreditar que os melhores jornalistas são os que têm sujeiras debaixo das unhas, que mostram que os governos estão mentindo e não deixam de contar a história de pessoas comuns. A plateia aplaudiu.
Traidor da pátria
Ele contou que dois dias depois de ter partido para o Brasil, saiu um artigo em um revista dizendo que eles eram traidores dos Estados Unidos. "Se mostrar o que a sua pátria está fazendo de errado é ser traidor, então eu sou mesmo um traidor", afirmou, arrancando aplausos. O patriotismo maior, segundo ele, é apontar o erro quando você acha que está errado. Mais palmas.
Reação dos americanos frente as denúncias
Perguntado por um dos espectadores como tinha sido a reação do público de lá, se mostravam algum tipo de sentimento de culpa, lembrou que muitos eram familiares de militares em missão, atualmente, no Iraque e no Afeganistão. Segundo ele, essa gente pensa nessas guerras todos os dias porque seus filhos, maridos e esposas, estão lá, longe de casa. "O mais fascinante foi perceber que as pessoas queriam ver o filme porque elas estão cansadas do que está sendo mostrado", concluindo que a "realidade" da tv americana mostra mulheres ricas com seus cachorrinhos.
Os protestos no Rio de Janeiro
A confusão tem a ver com a greve dos professores do município do Rio, que lutam por um reajuste salarial da categoria, corrigindo "injustiças histórias, na palavras dos manifestantes. O projeto de lei foi aprovado nesta terça-feira e vai ser publicado no Diário Oficial. Para saber mais, visite o site de notícias G1.
Tumulto provoca mudança de local das sessões
O tumulto fez com que a organização do Festival do Rio transferisse as sessões dos longas The Canyons e Tatuagem, que iriam acontecer no Odeon (Centro), para o bairro de Botafogo, à meia-noite, no Estação Botafogo 1 e Estação Rio 1 e 2, respectivamente. Veja dicas de 30 filmes do evento!
Assista, abaixo, o trailer do documentário Guerras Sujas!
Guerras Sujas