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    Festival de Brasília 2013 - Protesto, violência e sexo deram o tom da quarta noite de competição

    Apesar do humor também presente, o palco "invadido" por mascarados foi um dos destaques da noite, que fechou com uma sensual "aventura" no universo do tecno-brega. Confira!

    por Roberto Cunha, em Brasília

    O quarto dia de competição no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou com uma (talvez) esperada invasão de manifestantes no palco do Cine Brasília. Afinal, um dos filmes iria abordar o começo dos protestos pela mobilidade urbana, que acabaram tomando conta do País. Mais tarde, o tecno-brega do Recife deu o ritmo da noite, que ainda era uma criança para muitos cinéfilos de plantão. Veja como foi num rápido panorama das sessões!

    Bom :) Filme de encerramento da noite, Amor, Plástico e Barulho (PE) conta a história das jovens Shelly (Nash Laila) e Jaque (Maeve Jinkings). A primeira sonha em ser uma estrela do tecno-brega e é integrante da banda Amor com Veneno, onde a segunda já brilha nos palcos, mas demonstra passar por um momento de decadência. Juntas, elas vivenciam uma trama de amor, sexo, amizade e relações descartáveis. Se o longa de Renata Pinheiro tem elementos de sobra para ser consumido pelo público, como música, humor, sensualidade e boas interpretações da dupla, é também no excesso que está seu maior pecado. Inserindo imagens de qualidade ruim (extraídas do Youtube) para criticar a especulação imobiliária, a obra que mergulha no cenário musical daquela região acabe perdendo o ritmo. Ou seja, o grave problema poderia estar dentro do filme, mas a bola fora foi a opção feita. Por mais que o universo retratado não seja necessariamente conhecido pelo bom gosto, essa conexão (brega) entre as áreas pode não ficar tão clara para o espectador. Aliás, o público presente na sala curtiu e aplaudiu bastante.

    Regular :/ Quem está com a razão? Moradores ou policiais que ocuparam uma das favelas do Rio de Janeiro, através de uma UPP - Unidade de Polícia Pacificadora? Com as lentes focadas nestes dois grupos, a cineasta Maria Augusta Ramos retorna ao âmbito da lei para completar a trilogia, iniciada com Justiça (2004) e Juízo (2007). Morro dos Prazeres acompanha o cotidiano de alguns moradores e policiais, revelando conquistas e insatisfações de ambos. Embora tenha vários "personagens", dois se destacam: o capitão duro na queda e uma jovem homossexual, liberada pela justiça para retornar ao lar. Através dele e de seus comandados, se conhece as dificuldades dos agentes da lei nessas áreas, e com ela, temos uma noção das muitas distorções e de como é o dia a dia dos moradores. Entre os destaques, a boa captação das imagens sugere uma quase ficção, uma vez que é possível viver o medo do policial ao andar pelas vielas ou experimentar um sufocante baile funk. O ponto negativo, porém, pode estar na busca por uma neutralidade. A crítica existe nos depoimentos, ora com ironia, ora com emoção, mas fica difícil não pensar em um certo "chapa-branquismo", com ícones governamentais aparecendo em enquadramentos desnecessários. Sem contar a dúvida sobre a influência da presença das câmeras. Daí a sensação de que faltou alguma coisa. Ainda mais em tempos de Amarildo. Foi bem recebido pelo espectador na sala escura.

    Não colou :( Pegando carona ou não nas recentes manifestações, ocorridas no Brasil nos últimos meses, O Gigante Nunca Dorme, de Dácia Ibiapina, revela as origens do Movimento Passe Livre (MPL) no Distrito Federal. Através do depoimento de uma das idealizadoras dos protestos, o curta é uma sucessão de imagens das ruas (a maioria amadoras) feitas entre 2005 e 2006, entremeado por essas explicações. Embora a jovem se mostre, de certa forma, bem articulada, os 15 minutos da obra acabam soando como mais do mesmo e termina como o próprio movimento se mostrou: sem direção. A militância, claro, aplaudiu em peso.

    Não colou :( Misturando traços e técnicas de vários animadores, Engole ou Cospervilha? (RJ) esparrama na tela grande uma sucessão de imagens insanas, escatológicas, ácidas, cheias de humor e críticas, até religiosas, mas a falta de um fio condutor acaba sendo sentida. A explicação dada por Marão, idealizador do projeto, ao subir no palco com os outros colaboradores dessa obra coletiva é a melhor definição: "é difícil assistir". Isso porque se pelo lado do exercício de linguagem, o curta tem seu valor, a complexidade para se entender a proposta acaba se tornando quase enfadonha. Risos durante a projeção e aplausos ao final.

    Não colou :( Dois irmãos trabalham em um restaurante de beira de estrada e moram sozinhos longe de casa. Eles se dão bem, mas uma experiência negativa no ambiente de trabalho acaba em violência, mudando o convívio entre eles. Dirigido por Eduardo Morotó, Todo Dia que me Sinto Estrangeiro (RJ) reedita o preto e branco na telona, para mostrar um trama regada a sexo e violência, abordando o preconceito regional. Embora a trilha consiga dar um bom clima, o resultado final desafinou.

    Para maiores informações, visite o site Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O AdoroCinema viajou a convite da organização.

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