por Roberto Cunha, em Brasília
A corrida pelos prêmios que somam R$ 700 mil na 46ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou na noite desta quarta-feira, 18, com a exibição de três curtas e dois longas, nas categorias Documentário e Ficção. A grande sala do tradicional Cine Brasília estava cheia e o público fez questão de aplaudir as apresentações dos realizadores e também os filmes. Mas a noite só não terminou em festa porque problemas técnicos forçaram a interrupção da sessão do primeiro longa na categoria ficção. Veja, abaixo, um panorama rápido do que rolou por aqui! ;)
Regular :/ A mostra começou com a exibição do curta Luna e Cinara, de Clara Linhart. Procurando mostrar a simbiótica, e até divertida, relação entre patroa e empregada, o documentário faz uso de uma proposital câmera no melhor estilo amador. Aos poucos, você descobre que a chefe da casa, já com idade avançada, gosta muito de conversar sobre vários assuntos, entre eles o cinema, que frequenta com a companheira do lar. Esta, por sua vez, mostra bastante conforto ao ler (e comentar) colunas culturais de jornais para a "chefona", que numa inusitada contradição, diz que a funcionária é "a pior companheira" para seus dias de solidão. Bem recebido pela plateia, que chegou a rir com algumas passagens.
Muito bom =D Também da categoria Documentário, Outro Sertão, de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela, chegou com vontade de ser premiado. E a razão não é nenuma outra senão o bom conteúdo histórico, para muitos desconhecido, sobre o escritor Guimarães Rosa, nos seus tempos de atividade diplomática no consulado de Hamburgo, na Alemanha nazista. Fazendo uso de inúmeros recursos, que vão desde fotos, documentos históricos e filmagens raras, o longa se transforma num interessante passaporte para o espectador viajar pelas décadas de 1930, 40, 50, e descobrir que o então diplomata, autor do clássico "Grande Sertão: Veredas", foi também uma espécie de Oskar Schindler, vivido por Liam Neeson em A Lista de Schindler. Ao fim da sessão, aplausos, gritos e assobios do público. De longe, o mais bem recebido da noite.
Bom :) Dirigido por Julio Cavani, o curta de animação (ficção) Deixem Diana em Paz deixou boa parte do público impressionada pela proposta diferenciada de apresentar um filme animado em preto e branco, usando a difícil (e esquecida) técnica do bico de pena, meticuloso trabalho artístico que exige profunda paciência para gerar imagens. Baseado nos quadrinhos de Fred Navarro, aqui, o responsável pelo traço foi o artista plástico Cavani Rosas e ele usou como modelo vivo a atriz Joana Gatis. A trama, com trilha sonora climática e narração de Irandhir Santos, conta sobre uma mulher workaholic, que resolve dar uma resposta radical para este estilo de vida. Agora, ela passa mais tempo dormindo e "se realizando", ignorando que toda escolha tem a sua consequência. As imagens causaram bom impacto nos espectadores.
Não colou :( O jovem cineasta Artur Ianckievicz optou por fazer uma obra sem diálogos (não é mudo), inspirado nos filmes orientais, e procurou deixar que as imagens falassem por si, com uma leve carga de tensão. Sylvia é sua obra de estreia como diretor e conta sobre uma jovem vendedora de produtos piratas e praticante de boxe, que luta para tocar sua vida, mas acaba descobrindo da pior maneira possível que sua parceira da academia ocupa o lado oposto da lei. A boa trilha sonora ajuda a compor o clima, mas o resultado final não foi muito empolgante, deixando uma sensação de ficou faltando alguma coisa. Os aplausos vieram ao fim da exibição, mas era possível notar uma aura um tanto quanto "protocolar" no ato da plateia.
Sem cotação :0 Primeiro longa da competição, Os Pobres Diabos, de Rosemberg Cariry, com Chico Diaz, Silvia Buarque, Gero Camilo, entre outros da trupe do diretor, teve problemas durante sua exibição e sua sessão foi adiada para esta sexta-feira, 20, com entrada gratuita para o público.
Estão na competição obras do Rio, Sampa, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Distrito Federal, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul. O valor total da premiação é de R$ 700 mil e os ingressos custam R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia). Programe-se visitando o site oficial. O AdoroCinema viajou a convite do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e você pode acompanhar um panorama do evento por aqui.
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