por Francisco Russo
Os diretores Ennio Torresan Jr. e Otto Guerra no Palácio dos Festivais @ Edison Vara Press Photo
Você conhece "Tangos e Tragédias"? Não? Pois saiba que a peça teatral criada pela dupla Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky é uma verdadeira febre em Porto Alegre, onde está em cartaz desde 1984. É isso mesmo, há 29 anos ela é encenada na cidade, ocupando todo o mês de janeiro no teatro São Pedro. Diante de tamanho sucesso, os diretores Otto Guerra e Ennio Torresan Jr. apostaram numa adaptação para o cinema, feita através da animação. O resultado é Até que a Sbórnia nos Separe, exibido na noite de ontem no Festival de Gramado.
A fama de "Tangos e Tragédias" fez com que o Palácio dos Festivais estivesse praticamente lotado para conferir o longa-metragem, que conta com os próprios criadores como dubladores dos personagens Kraunus e Pletskaya. A história se passa em Sbornia, um pequeno país ligado ao continente sul-americano através de um istmo. Apesar da proximidade, não há qualquer contato entre os habitantes de Sbornia e do continente devido a uma imensa muralha construída pelos sbornianos. Os problemas começam justamente com esta muralha vem abaixo, o que causa uma inevitável integração entre os dois povos. Questões como a manutenção dos costumes locais em detrimento do que vem de fora e a exploração capitalista das riquezas do país são alguns dos temas abordados.
Apesar de apresentar um universo bastante criativo e pitoresco, Até que a Sbornia nos Separe esbarra na falta de humor vinda dos personagens. Por outro lado, o longa possui um ritmo frenético que não dá respiro ao espectador e possui uma animação de qualidade, com o bom uso de cenários em terceira dimensão. Entretanto, quem pôde conferir a peça nos teatros reclamou da ausência de músicas e também de personagens famosos presentes na versão encenada nos palcos.
O Festival de Gramado dá prosseguimento à sua programação no dia de hoje com a exibição de A Oeste do Fim do Mundo, coprodução entre Brasil e Argentina dirigida por Paulo Nascimento e estrelada por César Troncoso, e também de Primeiro Dia de um Ano Qualquer, nova comédia dirigida por Domingos Oliveira.
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