por Francisco Russo
Um dos principais lançamentos do próximo verão americano é Guerra Mundial Z, onde o astro Brad Pitt precisará lidar com uma verdadeira horda de zumbis. Com estreia nos cinemas brasileiros agendada para 28 de junho, o longa-metragem tem chamado a atenção dos cinéfilos devido às impressionantes cenas de ação dos trailers já divulgados, onde os zumbis são ferozes e... rápidos!
Nosso site irmão Allociné esteve presente nos estúdios da Paramount no último dia 23, onde pôde participar de um evento de divulgação do longa-metragem. Foi lá que o diretor Marc Forster concedeu esta entrevista a Emmanuel Itier, na qual falou sobre as dificuldades impostas por uma produção deste porte, o porquê das características dos zumbis vistos no filme e, é claro, Brad Pitt. Boa leitura!
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
Quanto de liberdade você teve na adaptação do livro de Max Brooks?
Marc Forster: O livro não foi escrito para se enquadrar realmente no que seria uma narração visual, desta forma nós criamos uma história que funcionasse melhor para o cinema, mas mantendo o espírito do livro. Conversei muito com Max Brooks e ele confiou em mim nesta tarefa.
O filme se concentra no personagem de Brad Pitt ou também dá espaço para outros personagens, assim como o livro?
MF: Nas cenas exibidas e também nos trailers nós damos a entender que tudo gira em torno do personagem de Brad, mas isto não é verdade. Você não viu estes personagens ainda, mas existem vários deles. Eles são peça-chave nos locais onde Brad vai, como em Israel.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
Que tipo de ideias você teve ao lidar com o gênero dos filmes de zumbi?
MF: Procurei fazer com que o filme fosse o mais próximo possível da realidade, como se fosse algo que pudesse acontecer nos dias atuais. Ao mesmo tempo adoro os filmes feitos por George A. Romero nos anos 1970. No passado este tipo de filme era uma metáfora sobre o consumismo, mas nossos zumbis trazem uma referência à própria biologia. Eles são como formigas e é por isso que existe a sequência onde os zumbis formam algo parecido com um formigueiro ao lado do muro em Jerusalém. Hoje o planeta está superpovoado e existem estimativas de que teremos 50 bilhões de pessoas em 2050. Este é um filme que mostra como o mundo entra em colapso devido à superpopulação, falta de recursos naturais e a existência de uma epidemia viral. Você verá os zumbis como uma espécie de tsunami porque eles estão em pânico e em busca do último recurso existente para comer. Trata-se de um filme bastante "orgânico", baseado muito na observação da natureza e em conversas com especialistas.
Seu filme parece ser muito verídico. Ele poderia ser considerado uma espécie de espelho ao que acontece com a AIDS e outras pandemias?
MF: Sim, com certeza. Nosso filme é assustador porque ele poderia realmente acontecer. Saber que um novo vírus pode destruir o planeta, assim como seria uma invasão de zumbis, é amedrontador. E talvez, se isto vier a acontecer, nós não saibamos como agir da mesma forma como acontece no filme. Estar conectado com este medo é importante para mim, por isso procurei manter o foco nisto. Além de termos conversarmos com vários consultores, para que tivéssemos a certeza de que tudo estava o mais correto possível.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
Como Brad Pitt entrou no projeto e qual é a sua opinião sobre ele?
MF: A empresa que Brad é dono, a Plan B, comprou os direitos do livro e resolveu adaptá-lo. Logo, Brad é o produtor e, quando me envolvi com o projeto, desenvolvemos um roteiro e o apresentamos, já que ele é um astro e ícone do cinema. Sempre quis trabalhar com ele, que foi bastante colaborativo durante todo o desenvolvimento do filme.
Surgiram rumores sobre problemas na produção... O que realmente aconteceu?
MF: Quando você tem uma grande produção, com cerca de 1500 extras e locações ao redor do planeta, você sabe que terá muito trabalho pela frente. Sempre haverá tensões e sempre será difícil lidar com elas. Rodamos cenas para um novo final, com o apoio do estúdio, porque acreditamos que seja melhor para o filme. Logo, adiamos o lançamento e rodamos as novas cenas em total concordância, até porque achamos que o filme esteja mais para um grande lançamento de verão do que para um filme de inverno. Entretanto, é errado pensar que tivemos problemas na produção. Você nunca está totalmente preparado para um filme desta escala, mas o terminamos dentro do prazo estipulado. Além do mais, o adiamento permitiu que trabalhasse com mais calma nos efeitos especiais, que é algo muito importante neste filme.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
Você teve que lidar com muitos efeitos especiais e milhares de figurantes assustadores. Que tipo de aprendizado teve ao lidar com isto?
MF: O que adoro neste filme é como cada peça está relacionada com o caráter do personagem de Brad. Ele é o herói típico, disposto a salvar o dia e a família. Abracei de vez a ideia de usar muitos efeitos especiais no filme e estou feliz por ter tido todas estas ferramentas à minha disposição.
Pelo que pudemos ver nas cenas exibidas, uma pessoa se transforma em zumbi em apenas 12 segundos. Por que a escolha exatamente deste tempo, ao invés de 10 segundos, por exemplo?
MF: Conversamos sobre isso durante muito tempo. Na verdade não é sempre que acontece em 12 segundos. Você verá que, em certas partes do planeta, leva mais tempo para se tornar um zumbi. Mas em média leva 12 segundos, acreditamos que este seja um bom período de tempo para dar a dramaticidade necessária à história.
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Antes de Guerra Mundial Z você fez 007 - Quantum of Solace, outro filme de grandes proporções. O que aprendeu de um filme para outro?
MF: Com certeza 007 - Quantum of Solace me ajudou a fazer este filme em uma escala maior. Ele me deu confiança de que poderia trabalhar em algo deste porte, rodando cenas em locações ao redor do planeta, como é o caso dos filmes de James Bond. Nele aprendi como lidar com um set de filmagens com centenas de pessoas, muitos extras e diversas câmeras. Sempre que se faz um filme você aprende muito, o que te faz crescer como cineasta.
Daniel Craig e Brad Pitt... Existe um meio de compará-los?
MF: É como comparar maçãs com laranjas! Eles são grandes atores e artistas. Gostei de ter trabalhado com ambos.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
A escolha de mostrar os zumbis como criaturas enfurecidas, rápidas e agressivas foi sua? Iremos ver no filme apenas zumbis feitos através de CGI?
MF: Não, veremos também zumbis feitos praticamente apenas com maquiagem e também zumbis lentos. Temos várias surpresas para vocês!
Existe uma grande discussão sobre a velocidade dos zumbis e muita gente não gosta deles rápidos...
MF: Esta é uma boa questão, mas ao mesmo tempo o que sabemos? Você alguma vez encontrou um zumbi? Logo, isto está aberto ao debate. Entendo os argumentos de ambos os lados e, mais uma vez, digo que em nosso filme você verá zumbis rápidos e outros lentos, assim como entenderá o porquê disto acontecer. Será possível racionalizar os dois tipos. Particularmente, gosto de ambos.
Mas o autor do livro não prefere os zumbis mais lentos?
MF: Sim, é verdade. Expliquei a ele minha teoria sobre porque os zumbis poderiam ser rápidos. Para mim, os zumbis têm relação com a natureza e a ideia de que eles seriam como formigas.
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Poderia nos falar sobre as filmagens em várias locações?
MF: Todos foram muito acolhedores e nos ajudaram com o que precisávamos para fazer um filme tão ambicioso. É claro que ter alguém do porte de Brad Pitt envolvido no projeto ajuda a abrir certas portas.
Quais países iremos conhecer através do filme?
MF: Nas cenas já exibidas é possível ver locações na Filadélfia, nos Estados Unidos, e também em Israel. O filme se passa também na Coreia do Sul e tem algumas cenas no País de Gales.
Você está planejando um filme de censura R (menores de 17 anos apenas podem assistir acompanhados) ou NC-17 (proibido menores de 17 anos)? Como você pretende contrabalançar a necessidade da história em ser violenta e sanguinolenta com o fato do filme ser um blockbuster, feito para ser visto pelo maior número possível de pessoas?
MF: Sempre foi nossa intenção conseguir a censura PG-13 (inapropriado para menores de 13 anos), então o filme não é muito sanguinolento. Mas acredito que os fãs ficarão satisfeitos porque há muitas cenas de ação e muita tensão envolvida.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
É verdadeira a história da apreensão das armas falsas em Budapeste?
MF: Sim, tínhamos armas verdadeiras que foram convertidas para armas cenográficas. Elas seriam enviadas da Inglaterra para Budapeste. A polícia impediu o carregamento e chamou a imprensa, o que foi um erro. Como isto demorou a ser resolvido resolvemos deixar tudo de lado, mas depois recebemos nossas "falsas armas verdadeiras".
A ideia é que Guerra Mundial Z seja o primeiro filme de uma trilogia?
MF: É difícil dizer neste momento. Veremos como este filme irá funcionar e depois conversaremos sobre isto. Não é garantido que haverá uma sequência.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
Quais são os temas principais do filme? Ele fala das pessoas que têm muito e outras que não têm, os ricos e os pobres...
MF: Filmes de zumbi surgem em épocas de mudança. Nos anos 1970 havia muitas mudanças econômicas e sociais em curso e agora novamente passamos por muitas alterações em nossa sociedade. As coisas estão mudando e, como os zumbis nunca saem de moda, é hora deles voltarem.
Qual foi a sequência mais complicada de rodar?
MF: Rodar ao longo de semanas com 1200 extras e várias câmeras é algo bastante cansativo. Minha vontade agora é de rodar um filme com apenas quatro pessoas durante um jantar! Tivemos que rodar a cena da multidão, com 1200 extras e Brad Pitt no meio deles. Tínhamos a interação de Brad com pessoas reais, não zumbis feitos em CGI. Interagir com a multidão foi complicado.
© Paramount Pictures / Plan B Entertainment / Skydance Productions
O filme aparenta ter muita adrenalina... Você acha que o público feminino irá se interessar por ele?
MF: Claro! Este é um filme com Brad Pitt! É um filme feito para todos, que trata de uma epidemia global que não conseguimos identificar. Acredito que todos tenham dentro de si um certo medo sobre algo relacionado à vida, tanto homens quanto mulheres.
Você disse que alterou o final original. O que havia de errado nele?
MF: Acredito que ele não era pessoal o suficiente. Este lado fez com que o final ficasse mais interessante. Quando vejo o final de um filme penso no quanto ele cria uma conexão. O final que usamos define melhor a conexão existente entre o personagem de Brad e os zumbis.
Guerra Mundial Z