Antes de assistir, eu já ouvia falar sobre "A Vida é Bela", principalmente nas listas de filmes mais emocionantes de todos os tempos. No começo, vou ser sincero, estranhei as pessoas falarem ser um filme triste, tanto que até conferi se coloquei o certo. Apesar das doses de piadas, logo percebe-se que o longa metragem é, também, dramático em seu contexto. Ele se encaixa na categoria, até então desconhecida por mim, tragicomédia.
O personagem principal, Guido (Roberto Benigni), é uma pessoa animada e que leva, na brincadeira, a maioria das coisas. Ele cativa pelo seu jeito nada convencional e, dessa mesma forma, encanta sua futura esposa, Dora (interpretada por Nicoletta Braschi, também sua cônjuge na vida real). Muito, se não tudo, do carisma e simpatia do protagonista, se deve pela atuação magnífica de Roberto. Quem conhece o ator, sabe que sua personalidade não difere tanto do personagem.
Não demora tanto para vir o baque, Guido, que é judeu, seu filho (Giosué) e sua esposa vão parar em um campo de concentração nazista. Um contraste que é difícil de imaginar, já que a trama seguia de forma leve e descontraída. Porém, Guido mantém o jeito brincalhão e usa de todo o seu bom humor para proteger o filho, dizendo a ele que tudo aquilo é uma gincana, e quem fizer 1000 pontos ganha um tanque de guerra. Apesar de certa desconfiança, o garotinho entra na brincadeira. A inocência da criança em face ao ambiente de calamidade é um contraste gigantesco.
Parando por aqui para não dar spoilers. Todo esse clima alegre em meio a uma desgraça não foi por acaso, Roberto Benigni, que também dirigiu o filme, em uma entrevista, disse que fez isso de propósito, citando a seguinte frase da obra Divina Comédia, de Dante Aligheri: "Não há maior dor do que nos recordar dos dias felizes quando estamos na miséria".
Deixando a trama de lado, algo que achei bastante interessante no filme são as coincidências, quase como em um quebra-cabeça, as cenas se conectam uma às outras de forma bastante criativa. Para completar o que já estava ótimo, a trilha sonora é bastante memorável. Se você tem o costume de ouvir trilhas sonoras de filmes, esse vai entrar para a lista.
A premiação do Oscar em 1998 teve o prazer de dar três estatuetas ao filme, sendo elas: melhor filme estrangeiro, melhor ator e melhor trilha sonora para um filme dramático.
A Vida é Bela é para aplaudir de pé. O drama trata de maneira bela um tema tão pesado como os campos de concentração nazistas e, ainda, nos faz perceber que a beleza da vida está em como a enxergamos as situações.