QUAL É O SEU SIGNO?
por Roberto CunhaO título acima poderia ser uma pergunta-chave se este fosse um filme tradicional de serial killer. Não é. O passado no mercado de publicidade e de videoclipes fazem parte da carreira do diretor David Fincher. Após a estréia em Alien 3, criticado por muitos e elogiado por outros (estou nessa lista), se firmou com Seven - Os Sete Crimes Capitais e, de lá para cá, fez alguns trabalhos com repercussão como Clube da Luta e O Quarto do Pânico. Em Zodíaco, seu estilo está presente nos enquadramentos, nos movimentos - e escolha - de câmera e até mesmo na edição. A abertura do filme dá o tom quando antes das imagens você lê o tradicional "baseado em fatos reais..." comum em telefilmes, nem tanto no cinema.
Em seguida, fogos estourando, a música do clássico Hair e a informação de que estamos em 1969, situam você no tempo e no espaço, quando um casal de jovens é assassinado por um misterioso piloto a bordo de um Mustang. A cena dos tiros é forte e a ligação para a polícia é pura provocação. Daí em diante, você tem a todos os elementos necessários para ficar preso na poltrona: um crime, um clima e uma grande dúvida. Entre as máximas do misterioso assassino, verdadeiras pérolas negras como "Gosto de matar pessoas porque é muito divertido", "o homem é o mais perigoso de todos os animais", e a mais assustadora de todas, dita para uma mãe dentro de um carro: "Antes de matar você eu vou jogar seu bebê pela janela."
As facadas desferidas em um dos crimes impressionam pelo realismo. E quando você se dá conta que as cartas cifradas, as ameaças e mensagens escritas com sangue, por exemplo, aconteceram de verdade, é fácil entender o pânico que tomou conta de San Francisco, na época, e que foi bem explorado pela mídia sensacionalista. O assassino sabia disso. Robert Downey Jr. e Jake Gyllenhaal estão bem em seus respectivos papéis. Entre as curiosidades, a aparição do cartaz do clássico Dirty Harry, com Clint Eastwood e dirigido por Don Siegel, e do famigerado game Tele-Jogo na TV (esse era o nome no Brasil). Entre os pontos negativos, a duração (mais de duas horas e meia!) e o excesso de créditos inseridos ao longo do filme, com datas e horários que podem fazer você se perder. Pior pode ser saber que o mal triunfou.