Qualquer espectador minimamente ligado em cinema percebe a conexão existente entre Spielberg e Extra-terrestres. O clássico filme do cineasta norte-americano, ET, o Extra-terrestre, de 1982, mostra a criatura alienígena como uma espécie de "indígena" na concepção de Jean-Jacques Rousseau, ou seja, seria puro e generoso em sua essência. Em "A GUERRA DOS MUNDOS", esses alienígenas tomaram um banho de "civilização", se armaram até os dentes, invadiram e passaram a destruir a terra. Ao invés de idealizar as criaturas extra-terrestres, Spielberg, oferece uma visão mais sombria dos mesmos. A influência dos atentados de 11 de setembro de 2001 se faz presente no filme. O medo que a população norte-americana nutre pelos estrangeiros é redirecionada para os extra-terrestres que começam a mostrar a sua face beligerante detonando a Nova Iorque, na qual reside a família Ferrier. Ray (Tom Cruise) trabalha comandando uma empilhadeira no porto da capital financeira do mundo. Sua ex-esposa, Mary Ann (Miranda Otto) vive com os dois filhos de Ray, Robbie (Just Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning). Como Mary Ann tem de visitar os pais em Boston, ela deixa os filhos com o pai enquanto viaja. E é justamente nesse período que a terra é invadida. A jornada de Ray será não apenas dedicada a proteger os seus dois filhos sob circunstâncias nada hospitaleiras, mas, principalmente, a de resgatar a sua condição de pai. No início Ray é mostrado como sendo pouco presente na vida dos filhos. No final, como é de costume na cinematografia de Steven Spielberg, a família é a grande vitoriosa. A genialidade do diretor pode ser comprovada na seqüência de abertura e de encerramento do filme. Porém, o roteiro baseado na obra de H. G. Wells, que já havia sido filmado em 1953, está cheio de "furos". O filho que desaparece numa batalha entre o exército e os alienígenas e reaparece de forma surpreendente no final é o melhor exemplo. Os efeitos especiais são competentes. A narração de Morgan Freeman foi uma solução interessante. Um filme nunca será ruim quando tem Spielberg na direção. Porém, está longe de ser o suficiente para fazer este "blockbuster" decolar em termos de qualidade.