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    As Aventuras de Pi
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    As Aventuras de Pi

    Parábola de vida

    por Francisco Russo

    Ang Lee é um diretor impressionante, pela diversidade de seus filmes. Este taiwanês de 58 anos já fez trabalhos tão distintos quanto a adaptação de um super-herói dos quadrinhos (Hulk), um drama de forte tensão sexual (Desejo e Perigo), a história de um amor homossexual proibido (O Segredo de Brokeback Mountain) e um típico filme de artes marciais (O Tigre e o Dragão). Pode-se dizer que Lee jamais se repete, transitando em diversos gêneros e estilos com uma habilidade rara de ser encontrada. Em As Aventuras de Pi ele mais uma vez se reinventa e, novamente, obtém sucesso.

    Baseado no consagrado livro "A Vida de Pi", de Yann Martel, o longa-metragem impôs desafios técnicos ao diretor. Afinal de contas, como contar uma história onde um jovem divide um bote com um tigre ao longo de boa parte da narrativa? Os óbvios perigos decorrentes deste convívio foram eliminados com uma simples decisão: usar um tigre digital, com o verdadeiro apenas entrando em cena nos momentos em que estaria sozinho. Uma opção que também exigiu um grande apuro nos efeitos especiais, de forma que o tigre digital em momento algum aparentasse ser falso. Este é um dos méritos técnicos do longa-metragem, que impressiona também pela belíssima paisagem que compõe o filme a partir do naufrágio, em sua maioria criada através de computadores.

    Entretanto, definir As Aventuras de Pi apenas como um filme belo seria reduzi-lo bastante. Há um forte lado religioso impregnado na história, de início pregando a possibilidade de que alguém possa ser temente a três crenças ao mesmo tempo. "A fé é uma casa de muitos quartos", diz o já adulto Pi em determinado momento. Deixando de lado a crítica indireta de que todas as crenças são, de certa forma, iguais, há um nítido esforço no filme para que nenhuma das religiões citadas seja, de alguma forma, ofendida. Este excesso de politicamente correto prejudica bastante o início do filme, pela obviedade e falta de profundidade com que é tratado o tema. Pi acredita em três religiões e ponto final, sem mais questionamentos.

    Diante disto, o início de As Aventuras de Pi é um tanto quanto problemático, se sustentando no lado fantasioso envolvendo a Piscine Molitor e na musicalidade nos movimentos, típica da Índia. O filme apenas engrena de vez a partir dos 20 minutos, quando chega enfim o naufrágio. Não apenas pela excelência dos efeitos especiais, impressionantes, mas pela condução dos fatos até que Pi fique perdido em alto mar ao lado de uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre de bengala. Todos juntos, em um pequeno bote.

    A luta pela sobrevivência sustenta todo o decorrer do filme, baseada em dois pilares: a relação do homem com o animal, e como ela é moldada de acordo com a necessidade de momento, e a própria natureza. É a partir da riqueza destes dois elementos que o filme, pouco a pouco, conquista o espectador, seja pelo inesperado ou pela própria beleza das sequências exibidas. Neste ponto o 3D faz diferença, dando um impacto maior a algumas cenas graças à sensação de profundidade oferecida pelo formato. A questão da religião retorna forte já perto do final, com um desfecho brilhante que deixa o espectador atônito.

    As Aventuras de Pi é um belo filme que faz jus à carreira de Ang Lee, seja pela diversidade ou pela ousadia. Dono de uma fotografia deslumbrante, o longa impressiona pela excelência dos efeitos especiais mas tem como maior qualidade sua própria história. Trata-se de um raro caso em que os efeitos servem ao filme, sendo usados para ajudar a contar uma história ao invés de brilharem por si só. Destaque também para o jovem Suraj Sharma, que segura com carisma e competência o papel de Pi quando jovem. Muito bom.

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    Comentários

    • Alinne c
      Esse filme é simplesmente genial, uma parabola envolvente e que coloca em pratica sua fé, a fé sobre o que escolhemos acreditar e como levamos nossa vida, mesmo sabendo do nosso passado e das pessoas ruins que passaram por ele, tudo depende da escolha que fazemos e em como lhe damos com as adversidades da vida, pq Deus sempre está la para quando estivermos prontos para confiar nele, e deixar ele trabalhar em nós.
    • Maddu Fontanesi
      O filme é uma metáfora incrível da luta humana pela sobrevivência e a procura de conseguir viver em harmonia com todos os seus lados, inclusive o seu lado mais obscuro. Pi, não domava Richard Parker, ele domava e tentava conviver com seu pior lado. Mais próximos ao final, vemos como andava a relação de tigre e humano. Tinham o seu espaço e sabiam se respeitar, para no final, não dar adeus ao seu lado mais sombrio, quase como uma promessa de reencontro, mesmo sabendo que isso provavelmente não iria acontecer.Apesar do filme se tornar confuso em certos momentos para só no final conseguirmos entender o porquê das partes mais simbólicas; os efeitos especiais terem alguns erros, como em uma das primeiras cenas do filme onde, Pi, tenta acariciar e dar comida ao tigre, e seu pai interrompe o contato e dá um animal caprino para Richard Parker comer e a ovelha/carneiro/bode, atravessa as grades muito menor que elas, erros imperceptíveis para a época em que o filme foi feito.As questões religiosas de Pi ao seguir 3 religiões diferentes também são algo louvável. O garoto segue as melhores partes das três religiões, as que ensinam ele a valorizar tudo o que tem, o seu chão, a sua comida, sua família e a encontrar o amor em todas as suas formas. Não há uma “propaganda religiosa”, o filme não induz você a crer em um ser superior, não incentiva você a se inclinar mais a uma religião, mas sim, ensina a tolerância. Piscine não precisava seguir os padrões de seguir apenas uma religião para ser feliz.As Aventuras de Pi faz jus aos seus prêmios e nos dá uma mensagem inspiradora e cativante, que nos mostra que não devemos desistir ou perder nossas esperanças independente das dificuldades que sofremos. Pi lutou contra a fome e foi obrigado a desistir do vegetarianismo por questões de sobrevivência, teve que aprender a conviver com seu lado interior e ver seus entes queridos morrerem de uma forma horrível, para no final poder viver como um humano sociável novamente. A ilusão de Richard Parker não permitiu Pi de surtar ou desistir, já que ele o encarava necessário e era o seu “fio da esperança”.
    • Raquel S.
      Como faço pra assistir?
    • Peter Spielberg
      Exato a história com os animais, pra mim também é a verdadeira
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