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    Rocky 2 - A Revanche
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Rocky 2 - A Revanche

    Um herói sentimental

    por Bruno Carmelo

    O início deste filme surpreende ao reproduzir os minutos finais de Rocky, um Lutador (1976). Não se trata de uma menção aos fatos do filme anterior, algo frequente em sequências, mas a exata cena do outro filme. A repetição possui a função de insistir na temporalidade - a ação continua segundos após a luta entre Rocky e Creed - além de forjar uma espécie de segunda metade da mesma história.

    No entanto, existe uma grande diferença entre os dois filmes. Com a saída do diretor John G. Avildsen, Sylvester Stallone assumiu o cargo, mantendo-se igualmente na função de roteirista. As transformações são visíveis tanto no estilo quanto no roteiro. No que diz respeito ao estilo, Stallone trouxe um sentimentalismo muito diferente da frieza e da melancolia do primeiro Rocky. Desta vez, as imagens estão repletas de trilha sonora triste, câmeras lentas, close-ups no rosto dos atores nas cenas catárticas e vários outros efeitos durante a luta.

    Por um lado, A Revanche ganha em realismo e no caráter espetacular: a luta simples e meio falsa da produção original torna-se visceral, com efeitos sonoros e de montagem destinados a imergir o público na produção e torcer ainda mais por Rocky. Por outro lado, perde-se a simplicidade que constituía um dos grandes atrativos da obra original. A sequência adota uma linguagem mais convencional, disposta a agradar e apelar às sensações ao invés da razão.

    Estes elementos se percebem no roteiro, preocupado em atribuir um caráter melodramático à revanche. Entram em cena o casamento de Rocky com Adrian (Talia Shire), o perigo de Rocky perder a vista caso lute novamente, a sensação de fracasso ao não se inserir no mercado de trabalho, o problema de saúde que afeta a esposa grávida. O roteiro desta produção é um tanto novelesco: acredita-se que é preciso multiplicar os conflitos para ampliar o potencial emotivo da história, logo após uma experiência tão bem-sucedida em minimalismo narrativo três anos antes.

    Por isso, o roteiro faz algo improvável: transforma Rocky em um azarão ainda maior do que no primeiro combate. Desta vez, o boxeador dispõe de menos tempo para se preparar e lida com uma dor pessoal, enquanto Apollo treina com mais empenho do que antes. A vitória torna-se improvável. A ingenuidade de Rocky também é maior, assim como a arrogância de Apollo. De certo modo, A Revanche pretende oferecer um pouco mais do mesmo - um novo combate entre a dupla de boxeadores - com elementos aprofundados e reiterados.

    Apesar de perder em ambientação, por explorar pouco a cidade de Filadélfia e a cultura popular, Stallone faz um trabalho competente no que diz respeito à solidão do protagonista. O diretor, que comandou quatro filmes da franquia, nunca se mostrou muito à vontade filmando espaços, mas sempre possuiu um domínio excelente da construção de seu personagem principal. A atuação de Stallone é ótima mais uma vez, imprimindo tristeza e amargura em cada diálogo. Rocky é menos um azarão por sua trajetória atípica no esporte do que por sua incapacidade de se inserir na sociedade, em uma família ou grupo de amigos.

    Neste sentido, a sequência, destinada a oferecer a conclusão que o espectador pensava encontrar no original, funciona como bom estudo de personagens. Esta acabou sendo a marca de Stallone como diretor na franquia Rocky: uma mão pesada para o drama, mas um carinho comovente por personagens como Adrian, Paulie, Mickey e o próprio Rocky.

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    Comentários

    • Aristeu Adão Duarte
      ROCKY II, A REVANCHE. Mais uma vez um grande filme que arrebatava as plateias dos cinemas em São Paulo, nos anos 70. Para mim e para aquele público estridente era uma verdadeira viagem a um mundo de alegria, tristeza, emoção, lágrimas, risos e tudo mais: o mundo extraordinário e vibrante do box! Com o épico Rocky Balboa levando-nos com ele para o centro do ringue! A gente lutava junto! Demais!
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