Se em “A Vida é Bela”, filme dirigido e co-escrito por Roberto Benigni, o lado lúdico serve como um pretexto para um pai esconder a dura realidade dos campos de concentração nazistas para o seu filho pequeno; em “Jojo Rabbit”, filme dirigido e escrito por Taika Waititi, o lado lúdico serve como o background para uma trama de transformação de uma criança, também em plena Segunda Guerra Mundial.
Jojo (Roman Griffin Davis) é um menino alemão fascinado pelo regime nazista de Adolf Hitler (Taika Waititi). Quando seu propósito de servir ao exército alemão é destruído, ele tem que lidar com a incômoda descoberta de que a sua mãe (Scarlett Johansson) esconde uma jovem judia (Thomasin McKenzie), no meio das paredes da casa em que eles residem.
Confrontado com uma traição ao regime dentro da sua própria casa e com o relacionamento que ele próprio constroi com Elsa (a jovem judia), a jornada que Jojo vivencia passa pelo sentimento de decepção consigo mesmo, talvez, e com a realidade que ele acreditava ser a correta e em como isso move ele para questionar o que está ao seu redor e a se abrir ao novo e, principalmente, ao outro.
Revestido do espírito da sátira e da ridicularização de um regime que merece o nosso escárnio, “Jojo Rabbit”, assim como “A Vida é Bela”, trata sobre um tema espinhoso de uma forma, até certo ponto, leve. Embora a inocência da infância permita isso, a verdade é que o caso de Jojo é bem simples: ele aprendeu pelo caminho da dor. Se existe a esperança, ao final, ela veio a um alto custo.