Com Amor, Simon: Crítica AdoroCinema

Felizmente, a representação LGBT nos cinemas e na TV já deixou de ser tabu nos últimos anos. Existem muito mais histórias para serem contadas? Sem dúvida, mas ainda que lentamente é um percurso que a indústria audiovisual está seguindo em frente. Neste sentido, Com Amor, Simon surge como um marco, sendo o primeiro romance adolescente com protagonista LGBT de um grande estúdio a chegar aos cinemas. Pode parecer algo muito específico, mas é extremamente relevante que companhias de Hollywood percebam que as histórias não-heteronormativas também podem ser interessantes comercialmente, não apenas para o circuito de festivais/premiações.

Apresentar um protagonista gay é parte fundamental da produção, mas deve se evitar colocar a mesma dentro de um armário (com o perdão do trocadilho). Assim como O Segredo de Brokeback Mountain não era um faroeste gay, Com Amor, Simon não é um romance gay. É um romance. E um ótimo romance. LGBT não é um gênero cinematográfico, mas uma temática, que pode (e deve) ser explorada por todos os gêneros. 

Simon (Nick Robinson) é um jovem estudante do colegial americano que vive sua vida normal. Amado pelos pais (Jennifer Garner e Josh Duhamel) e pela irmã e com amigos fiéis, ele apenas tem um segredo: é homossexual e ainda não se revelou para o mundo. Ao ler um texto num blog em que um colega de escola anônimo revelava ser gay, Simon se motivou a começar a trocar mensagens com esta pessoa, que atende apenas pelo nome de Blue. Ao mesmo tempo, ele tenta descobrir quem é aquela pessoa que tanto lhe entende e tenta tomar coragem de se revelar para os mais próximos, o que não é fácil para ele, por mais que esteja num cenário de muito apoio e amor.

Antes conhecido como o garoto chato de Jurassic World, Robinson está muito bem na pele de Simon, conseguindo transmitir as angústias do personagem. Ele forma um ótimo núcleo jovem ao lado de nomes como Katherine Langford (13 Reasons Why), Alexandra Shipp (X-Men: Apocalipse), Jorge Lendeborg Jr. (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) e Keiynan Lonsdale (The Flash).

Dirigido por Greg Berlanti (produtor de Arrow, Supergirl e The Flash), Love, Simon (no original) é um filme fofo e importante. Baseado no livro "Simon vs. a agenda Homo Sapiens", de Becky Albertalli, conta a história sem reforçar estereótipos e abrindo várias portas para produções do tipo. 

Com uma trilha sonora bem eclética, funciona como romance, como drama adolescente e como comédia. Não cria personagens perfeitos. O próprio Simon é repleto de falhas. Por isso, cria personagens e situações naturais e realmente cativantes.