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    The Material Boy
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    The Material Boy

    O filho da Madonna

    por Bruno Carmelo

    O longa-metragem de Luizo Vega parte de uma premissa inusitada: criar um falso documentário sobre um filho bastardo da cantora Madonna, entregue às freiras após o nascimento e criado na Argentina, em uma família adotiva. Mas aos 18 anos, o rapaz decide correr atrás de sua mãe famosa.

    As possibilidades cômicas e narrativas desta premissa eram infinitas, como atesta a cena inicial, de Vega correndo atrás da cantora no aeroporto, aos gritos de “mamãe”. Neste momento, a obra parece caminhar para o humor trash no estilo Jackass ou Borat, mas as imagens seguintes adentram caminhos totalmente diferentes. Para a nossa surpresa, The Material Boy adquire um tom muito mais convencional... e monótono.

    Um narrador de voz solene e grave (a típica voz que narra trailers de filmes comerciais) passa a citar cada passo de Luizo, este autor-personagem, desde a sua infância até a busca atual pela mãe. A voz off não descansa um segundo sequer, talvez para compensar o fato de que as imagens não se sustentam por si mesmas. O espectador acompanha uma sucessão aborrecida de transtornos psicológicos e tentativas de martirização. Luizo fala muito pouco, sem se tornar um personagem de fato: ele é apenas observado pelo narrador onisciente e controlador.

    A certa altura da trama, The Material Boy começa a citar outras obras de diretores e artistas plásticos de grande renome na cultura queer, como Bruce LaBruce (representado pelos trechos do filme Pierrot Lunaire) e os pintores Pierre e Gilles. As referências servem a conferir status ao trabalho artístico do diretor, mas o fato é que nada apresentado em tela realmente configura uma subversão, seja ela corporal, sexual ou cinematográfica. As pequenas cenas com Luizo se pendurando fora de prédios são impressionantes, mas não se conectam com o restante da trama.

    No meio do caminho entre a piada e a performance artística, o filme não explora a fundo nenhuma de suas possibilidades, engessado pelo tom autoimportante e pela aparência forçada de erudição.

    Filme visto no 23º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, em novembro de 2015.

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