Fita repetida
por Lucas SalgadoLançado em 1999, A Bruxa de Blair foi um sucesso instantâneo. Orçado em US$ 60 mil, o longa faturou nada menos que US$ 248 milhões nos cinemas mundiais. O filme praticamente inaugurou o gênero found footage, que é aquele em que as cenas mostradas na tela representam um "material encontrado", filmado pelos próprios personagens da produção. Ou seja, é basicamente um falso documentário.
Com o passar do tempo, o gênero rendeu várias ótimas obras, mas foi se desgastando. Ao ponto de hoje não ser algo que chame tanta a atenção. Agora, um novo Bruxa de Blair chega aos cinemas tentando retomar o frescor da obra original, e ignorando completamente o fato do primeiro longa já ter tido uma continuação, A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras (2000).
16 anos após o desaparecimento da irmã Heather, James (James Allen McCune) decide reunir alguns amigos e voltar à floresta em que ela foi vista pela última vez. Ele é acompanhado pelo amigo de infância e a namorada dele, e por uma amiga que prepara um documentário sobre o tema.
A imagens vistas em cena são justamente aquelas do equipamento do documentário. Neste sentido, o longa inova com relação ao original. Não temos uma câmera ultrapassada que grava fitas. Temos um material digital de primeira qualidade, incluindo câmeras individuais para cada pessoa e até um drone. Esse jogo de imagens é interessante e passa a ilusão de que eles estão mais preparados para a empreitada.
Apesar de uma melhor qualidade de imagem e uma maior variedade do tipo de tomadas, a verdade é que há pouco de novo em relação ao primeiro filme. A ideia é a mesma. A premissa é a mesma. O resultado, no entanto, não é o mesmo, afinal, em 99, estávamos diante de uma novidade. Agora, temos apenas mais um found footage.
O diretor Adam Wingard é competente na construção de cenas de tensão. E o elenco não compromete. Mas é impossível não ficar com a sensação de que você já viu tudo aquilo antes. Até porque, você já viu. Se o original apresentou um novo cenário no gênero do terror e do suspense, o novo surge já ultrapassado. Você pode até se entreter com alguma sequência ou outra, mas definitivamente não sairá impactado da sala de cinema. É apenas mais um filme.